"A menina já parece o Pai Natal!"

Procurar o presente indicado para cada pessoa que gosto não é tão fácil quanto parece. Ainda por cima sob pressão, com filas intermináveis nas caixas de pagamento, com pessoas a atropelarem-se, “rapariguinhas de shopping” mal encaradas, lojas a parecerem a FIC, tal é a desarrumação, e condicionamentos orçamentais, que acabam sempre tão ou mais ultrapassados que o da Casa da Música. Ou porque vi algo que é “a cara” de alguém que não estava listado. Ou porque por mais uns euros prefiro oferecer algo que tenho a certeza que a pessoa vai gostar. Ou porque pelo meio compro mais uma(s) coisinha(s) para mim. Enfim, é sempre a sumir… Gosto de dar, que posso fazer?!...

Aproveitei o facto de, depois do primeiro concerto, o espírito natalício finalmente se ter apoderado de mim, e lá fui eu à caça ao(s) presente(s).
Cheguei a temer que este Natal me passasse ao lado. Estas coisas ou se sentem e são naturais, ou então está o caldo entornado. Não vai lá com fretes. Mas eis que ele surge, em pleno, vivinho da Silva.

Como não suporto centros comerciais e, como o tempo tem estado a favor, optei pela baixa da cidade. Gosto do comércio tradicional, do atendimento personalizado. E sempre aproveito para passear.

Dirigi-me à Fnac (grande contra-senso!). Hora e meia depois e após de ter virado a loja inteirinha de pernas para o ar, lá consegui, por fim, riscar os primeiros três nomes da lista.

Próxima paragem: brinquedos. A minha parte preferida. Perco-me sempre a comprar os presentes para os miúdos! Afinal o Natal é deles. Mas, como nunca fixo as suas idades, fica difícil. Só mesmo pedindo ajuda.
Com toda a calma do mundo, a funcionária ajudou-me a escolher os respectivos presentes. Bendita paciência a dela, para me aturar.
Eu gosto de oferecer presentes grandes. Lembro-me perfeitamente do tempo em que era da altura deles: quanto maior era o embrulho, maior era o entusiasmo.
Com esta idade ainda não sabemos que os melhores presentes são aqueles que não podem ser embrulhados.
Gosto de os surpreender, de os ver quase a sufocar com tanto entusiasmo, dos seus olhinhos brilhantes, de os ver rasgar o papel como se não houvesse amanhã.
Adoro crianças! Não é novidade, eu sei.
Mas até no tamanho estou condicionada. Fui proibida de oferecer presentes grandes por causa da crónica falta de espaço das famílias. Por vivermos todos encaixotados, em cima uns dos outros.

A esta altura, já não tinha mãos para tantos sacos. Para a próxima tenho de levar o Jarbas comigo.

Ainda assim, entrei numa perfumaria de rua, para comprar o presente da avó. É sempre o presente que me dá cabo da cabeça: o que se oferece a uma senhora de 94 anos? Ela tem tudo! Mas, “um cheirinho” vem sempre a calhar. Mesmo que ela nunca saia de casa. Vaidosa!... Ou não fosse ela também minha madrinha.
Comprar um perfume é sempre algo muito pessoal. Por isso, não gosto de oferecer perfumes. Mas não estava a ver outra hipótese.
Mais uma vez recorro aos préstimos das funcionárias que parecem sempre caídas do céu. Cheira aqui, cheira ali… Palavra puxa palavra e estória puxa estória: perfumes, avós, vaidade, idade, doenças, o sempre actual assunto do estado do tempo, frieiras, Natal, família, bacalhau, crise financeira, comércio, a cidade… Bem, acabei por demorar quase 45 minutos na perfumaria sem dar conta.

Já em contra relógio, ainda consigo riscar mais dois nomes da lista e pensar nos restantes.

Ficou por comprar um dos mais importantes: o da mana. Procurei, procurei e não encontrei. Esgotado! Mas, como sou de ideias fixas e não desisto com facilidade, e a net é uma coisa fantástica, encontrei-o hoje e já está reservado! Vou buscá-lo amanhã. Surpresa!!!

Portanto, está tudo comprado, embrulhado e etiquetado. Só falta, a melhor parte: distribuí-los e esperar as reacções. Fico em pulgas! Por isso é que não posso comprar com muita antecedência, fico ansiosa, a antecipar as suas reacções.
Lembro-me de um ano em que oferecemos, eu e o meu irmão, a camisola oficial do Maniche à minha irmã.
Já depois dos presentes todos distribuídos, surge aquele, “esquecido”.
Estava a ver que a rapariga tinha um ataque!... Confesso, até chorei. Mas isso também não é novidade.

Podem dizer... Sou pior que os putos!
Eu sei, eu sei…

3 comentários:

Ortlinde disse...

Oh querida Brun, só mesmo a ler os teus textos é que sinto este espirito natalicio...é uma quadra dificil, se eu pudesse dormir e acordar no dia 26...

Brunhild disse...

:)

Eu sei, aliás, imagino...
Eu sou uma privilegiada, tenho noção disso, pela família que tenho.
Um dia tens de vir a uma reunião familiar para veres... :)

Bruno Ramalho disse...

és pior que os putos! ;)

é bem, é bem, o espírito natalício bateu-te com força, isso é bom! Eu estava a contar que viesse mais povo pó Natal, mas a coisa está preta e vamos ser só nós e os meus avós... não curto... eu gosto de povo!!! gosto de munta confusão!!! chuif... oh well... a gente compensa nos doces! LOL ;D