nunca mais voto

(Carlos Polónia)

Mamei um sapo
nas ultimas eleições
Por não poder deixar
de cumprir o acto
entre atropelos,maus tratos
e empurrões
lá estava eu a deglutir
bicarbonato

entro na sala atrás dos outros
de mansinho
são mais dezoito
até chegar á minha vez
se continuar a andar assim
devagarinho
só lá saio daqui
pro fim do mês

de repente ouve-se um grito
junto á mesa
um meliante que apalpou
uma garina
e ela responde com um estalo
toda tesa
filho da mãe quase lhe partia
a espinha

sai o pai dela da mesa
com o facalhão
e um matulo pega então
numa cadeira
um reformado de bengala
cai no chão
já é geral a confusão
na sala inteira

ninguém ouve o que grita
o presidente
tenta acalmar o que rapou
de uma navalha
o tipo tem o cabelo rapado
rente
e vai direito ao pai da gaja
esse canalha

ouve-se um tiro disparado
á queima-roupa
roda o rapado da navalha
pelo chão
já tudo enfarda na sala
ninguém se poupa
e eis que entra um guarda que ameaça
com prisão

mais valia o presidente
ter vazado
ao ver o sangue vomita
e eu arroto
saio depressa com tonturas
e enjoado
e juro cá pra mim
nunca mais voto!

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