a ti, aquele que está por vir

Em noites assim, muito frias e chuvosas, em que não bebi vodka para me aquecer, pergunto-me se saberias adivinhar que me apetecia ouvir aquela. Ou outra, parecida com aquela.
Pergunto-me se saberias que o que me apetecia mesmo era ficar aqui, embrulhada nesta manta que substitui a vodka.
Tu, que me conhecerias como ninguém e que adivinharias sempre tudo, mesmo aquilo que eu não poderia adivinhar, saberias dirigir-te à cozinha, pé ante pé, e abrir uma garrafa de vinho. Tinto. Para aquecer. Do armário, recolherias dois copos. Aqueles dois. Pois saberias que são esses que eu escolheria. São os mais indicados para noites assim.
Em silêncio, um copo para mim, outro para ti.
Antes de mais, um gole.
Eu desencostava-me do sofá. Tu ocupavas o vazio, o teu lugar por direito.
Ainda sem palavras, o meu copo pousaria no chão. As minhas mãos preparavam o leito. E a minha cabeça descansaria, por fim, no teu peito.
Juntos, assistiríamos a um filme, escolhido por ti. Sempre escolhido por ti. Porque saberias o quanto odeio tomar decisões. Sim, sabes bem que seria esse. É esse mesmo que me apetece.
Durante o filme, eu distraída, sentiria a tua respiração e adivinharia o sítios exactos em que irias rir.

E saberia eu, em noites assim frias e chuvosas para ti, adivinhar aquela música que te apeteceria ouvir? Saberia adivinhar o vinho que te apeteceria e os copos que usarias? Saberia escolher o filme? Saberia eu ocupar o teu vazio e o meu lugar de direito?

1 comentário:

Ortlinde disse...

oooh meu deus que bem, que lindo....