sem sono... de novo

Disseram-me que eu falo para o espaço. A afirmação, confesso, surpreendeu-me. Mas até que tem um quê de verdade... Desde pequena que falo sozinha. Ora falar sozinha, é falar para o espaço.

Nunca me preocupou que alguém me visse falar para o espaço, nem no que iria ficar a pensar. Mas preocupa-me, um pouco, alguém conseguir ouvir aquilo que converso com o espaço.

Olá, Lua! Estás apagadita hoje. Estavas tão linda, há dias. Grande, resplandecente, radiosa, e suspeito, radiante. Que nós sabemos bem como, nós mulheres, somos.
Pois, eu sei. Não te preocupes. Ele vai voltar. Verás!... Confia em mim. Eu tenho um dedo que adivinha.


Às vezes, fazem-me perguntas. Só aí reparo que alguém tentava escutar o que digo.

Olá, ursa maior! Como estás? Perdeste? Sabes que faz parte do processo. Sempre soubeste. Deixa. Amanhã nascerão outras. E no dia seguinte, outras. Além do mais, nunca ouviste dizer que a vida é ciclíca?

Eu desconverso.

Olá, estrela polar! Estás sempre na mesma, rapariga. Qual é o teu segredo? Nunca te sentes sozinha?

Eu sinto, às vezes. Por isso falo para o espaço. É que aqui as pessoas normais, aborrecem-me. Também não sei falar com elas. Felizmente tenho meia dúzia de anormais com os quais comunico muito bem.

Olá, ursa menor. Não sejas assim... Para quê esses complexos de inferioridade descabidos? Para mim, serás sempre grande.

Só não lhes conto tudo. Porque a melhor parte fica sempre para mim. E para ti, um dia.

Hey, estrela cadente, onde vais? Espera! Preciso falar contigo! Não corras! Espera! Não te esqueceste do meu pedido, pois não?! Hã?...

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