Finalmente, em casa...

... ouço o ruído da chave a rodar. Um barulho recente mas que conheço tão bem, que me transmite a sensação de respirar fundo e poder, por fim, relaxar.
Lá fora fica por entrar o ruído ensurdecedor, do mundo e das pessoas.
Preciso tanto de paz! Preciso de um tempo e de um espaço só meu.
Penduro o casaco, guardo a mala e sento-me no sofá. Mas mal consigo sentar-me confortavelmente antes de começar a chorar. O turbilhão de emoções começa lentamente a sossegar.
Podia telefonar a alguém. Mas que iria responder quando me perguntassem porque choro? Nem eu conseguiria explicar, nem pessoa alguma conseguiria compreender.
Talvez se alguém adivinhasse o meu estado e me ligasse de surpresa, a perguntar como estou... Provavelmente, não atenderia o telemóvel, alegando mais uma vez que está no silêncio. Não gosto que me telefonem. Principalmente de surpresa. Raramente atendo. Na verdade, não gosto de telemóveis. A ideia de estar em permanente contacto, disponível, causa-me desconforto. Por isso, raramente atendo. Por isso o telemóvel anda sempre em silêncio.
Talvez devolvesse a chamada, minutos depois, a correr bem, se fosse alguém próximo, horas depois, ou dias depois, mediante a proximidade. Talvez mesmo nem devolvesse a chamada. Já com voz alegre, responderia "tudo bem!", quando me perguntassem como estou. Se perguntassem. Hoje em dia "Tudo bem?" é só um cumprimento, uma pergunta retórica. Ninguém espera pela resposta, ou mesmo por uma resposta sincera. Não há tempo ou paciência para saber como alguém está. Bem vistas as coisas, nunca está tudo bem, ou está sempre tudo bem, mediante a perspectiva de cada um. Comigo, está sempre tudo bem.

9 comentários:

Carpe Diem disse...

Que se passa? Fiquei preocupado com estes 2 textos... sera q foi assim tao ma a estadia em Lisboa? Espero q n...

Olha, eu sei como tu es mas ja sabes q se precisares liga-me mm q a chorar, eu n interrompo e ouço-te.

Beijos esperando que estejas mesmo bem e n bem para os outros verem:
Nuno.

Brunhild disse...

:)
O delay com que escrevo permite-me dizer que está tudo bem. ;)

Bruno Ramalho disse...

por causa das cócegas respondo sempre que está tudo mal... mas também depende de quem pergunta! ;) (então o meu "sempre" ali não está muito bem encaixado... merda!)

Anónimo disse...

Então querida Brunhild?!
também não sabes fazer beicinho como elas?!Gritar um !SOCORRO! porque perdeste a unha de gel ou caíu a pestana?!
Pois é, andamos sempre com os outros ao colinho e esses outros esquecem que também fraquejamos,talvez porque não sabemos pedir afecto.Ao contrário delas, nós acabamos sempre a chorar sozinhas.Oh como te entendo!

Anónimo disse...

Ah, e faz um favor a ti mesma, atende o telefone!
É muuuuuito bom ouvir uma voz amiga nesses momentos, nem que digas que está tudo bem a chorar!

Brunhild disse...

:) Ainda no outro dia falava com um amigo sobre isso: como gostava de ser uma verdadeira gaja, daquelas q fazem beicinho e amuam p td e p nada.
Eu (ainda) não consigo fazer isso. Estes momentos continuam a ser só meus. ;)
A verdade é que está mesmo tudo bem! :)
A maior parte das pessoas sobrevaloriza o choro: chorar e rir são reacções, normais, como tantas outras. Pior seria se eu guardasse tudo cá dentro. Como já fiz. Conheço bem as consequências e... não quero ir por aí! :D

Bruno Ramalho disse...

sim, tu não vás por aí!!! não, espera, ah, sim, assim sim, "não, tu não vás por aí!".

A língua portuguesa é uma delícia não é? É sim, não é? (já chega Bruno Miguel) :D

Brunhild disse...

lool

Anónimo disse...

ahahah ! conheço essa estirpe de gaja-unhadegel-extensõesnocabelo- e quando presencio os amuos, sinto-me um macho em corpo de mulher!Até o meu andar muda, parece que algo cresceu entre as pernas! Só apetece desatar á estalada, a eles pela patetice e a elas pelo histerismo.
Nunca hás-de ser assim, não te corre no sangue! Buuuu