presente de Brunhild



Andava eu a fazer horas para ir ao cinema, perdida na Livraria Leitura (C.C. Bom Sucesso), e, na secção de poesia, este pequeno livro colorido chamou-me a atenção. Já tinha lido poemas avulso de Pablo Neruda mas não os tinha bem presentes na memória.
Abri o livro à sorte e li um poema. Era lindo! Voltei a fechar e abrir novamente à sorte. Li um outro poema. Lindo, lindo! Comprei o livro.
Agora que acabei de o ler, fiquei com vontade de vasculhar a vida toda de Neruda e ler toda a sua obra.
Já fiz uma pré-pesquisa e parece que este livro recolhe somente poemas dele na sua fase romântica. Portanto, há muito mais Neruda para descobrir...


Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.

Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te como um cego.

Talvez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego.

Nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero, amor, a sangue e fogo.





É assim que te quero, amor,
assim, amor, é que eu gosto de ti,
tal como te vestes e como arranjas
os cabelos e como a tua boca sorri,
ágil como a água da fonte sobre as pedras puras,
é assim que te quero, amada.
Ao pão não peço que me ensine,
mas antes que não me falte em cada dia que passa.
Da luz nada sei, nem donde vem nem para onde vai,
apenas quero que a luz alumie,
e também não peço à noite explicações,
espero-a e envolve-me,
e assim tu pão e luz e sombra és.
Chegastes à minha vida com o que trazias,
feita de luz e pão e sombra,
eu te esperava,
e é assim que preciso de ti,
assim que te amo,
e os que amanhã quiserem ouvir
o que não lhes direi, que o leiam aqui
e retrocedam hoje porque é cedo
para tais argumentos.
Amanhã dar-lhes-emos apenas
uma folha da árvore do nosso amor, uma folha
que há de cair sobre a terra
como se a tivessem produzido os nosso lábios,
como um beijo caído
das nossas alturas invencíveis
para mostrar o fogo e a ternura
de um amor verdadeiro.



E podia ficar aqui o dia todo a postar poemas de Pablo Neruda.

Hoje acordei assim... Que posso fazer?!...
Se tivesse namorado, hoje o desgraçado estaria mais desgraçado que nunca...

3 comentários:

Carpe Diem disse...

Há desgraças que vêm por bem, n sabias? Nem posso crer que n conhecias Neruda... depois desse livro tens de pegar no da mesma colecção mas do Vinicius de Moraes, fazem uma bela dupla :)

Brunhild disse...

Que desgraça?!
Como disse, já tinha lido poemas de Neruda, quando passei uma fase que só lia poesia, na adolescência.
Provavelmente, na altura, não tinha maturidade necessaria para perceber grande parte da poesia que li. Neruda foi um deles. ;)

Carpe Diem disse...

Tu nem tomas atenção aos teus textos, ora de que desgraça falas tu no final? :) Cá pra mim n era desgraça e esse era mesmo um sortudo :)