everybody's a DJ *

* Ler com muito cuidado e pausadamente. Pode ferir susceptibilidades.

Hoje recebi um convite por mail para ir a uma festa onde as DJs seriam uma dupla feminina que conheço de "Olá, tudo bem?" e que marcam presença assídua num espaço nocturno que frequento com alguma regularidade, embora não goste muito de lá ir. É uma longa história e um contra-senso pegado, que nem vale a pena referir.
Já é costume, volta e meia, serem elas a pôr (O conceito "pôr" adquiriu novos horizontes de uns tempos para cá. Outra história...) música nesse espaço. Mas o que mais me chocou é que desta vez elas vão animar a festa num espaço relativamente recente e pelo qual ainda guardava alguma consideração, pois primava por fugir ao "mais do mesmo".

Dei por mim a pensar: mas será que agora toda a gente é DJ? Somos um país de treinadores de bancadas e de DJs em part-time?!
Quase toda a gente que eu conheço (passo o exagero) é DJ e/ou treinador de bancada.

É à custa desta fraca exigência que os espaço nocturnos da cidade invicta estão cada vez piores. A música é praticamente a mesma em todo o lado. Qualquer pessoa minimamente informada acerca do panorama musical actual, adivinha com facilidade o set do pseudo-DJ de serviço.
Eu desconfio que a maior parte deles leva o set preparado no Mac e limita-se a fazer play. Independentemente do pessoal estar a aderir ou não.

Hoje em dia não são os DJs que fazem as pistas (e consequentemente as casas) mas sim as pessoas (e as casas) que fazem os DJs.

Se analisarmos as agendas dos diversos espaços, reparamos que os DJs são sempre os mesmos. E se formos mais atentos ainda, reparamos que o percurso que fazem é quase sempre o mesmo. Começam por um pequeno bar, passam para um maior, até conseguirem chegar a um espaço dito badalado.

E inovar, não?!

Não perdoo o Triplex por se ter vendido à dupla maldita das Gigis e ter tornado aquele que foi um espaço de vanguarda e o meu espaço de eleição durante tanto tempo, no degredo total que se está a tornar. Ainda assim, de vez em quando, lá pico cartão, na esperança vã de uma noite bem passada.
Eu sei que as Gigis foram, ou são, um mal necessário. Que existiam outros problemas que não são para aqui chamados. Mas chateia na mesma.

Tudo porque o que é diferente, não vende. O mal da cultura e da massificação da contra-cultura (esta é para ti, Lima-Limão). As pessoas saem para ouvir os hits e as musiquinhas que conhecem. Cambada de carneirinhos.

Isto não é mau feitio, é chamar as coisas pelos nomes.

Qual o meu espanto quando no outro dia me disseram que o Trintaeum corre sérios riscos de não voltar a abrir! Como pode?! Eu ainda estava com esperança que James Murphy desse uma perninha pelo Porto aquando da sua passagem pelo 10.º aniversário da Lux. Mas, sendo assim, mais vale esquecer.
Nicola Conte passou pela cidade no fim-de-semana passado. Ir assistir a um set de Nicola Conte, que para mim já esteve em muito melhor forma, num sítio que está sempre às moscas, não dá grande pica.
O Indústria parou no tempo. Nem sequer há informação do que se passa por lá, se é que se passa alguma coisa. Está para breve o aniversário...
Resta-nos as noites Clubbing da CdM e pouco mais ou nada.
O Plano B tentou. Organizou uma festival de música electrónica às três pancadas. Começou por estar agendado para ser realizado em Matosinhos, passou pelo CDUP e acabou no Pavilhão Rosa Mota. Por favor! É no Pavilhão Rosa Mota que se realizam as festas da Rádio Festival. Não era difícil de prever como a coisa ia correr. Eu preferi nem arriscar. Mas essa foi uma opção só minha.

Eu saio para me divertir. Para usufruir da companhia das pessoas que gosto e para ouvir música, de preferência diferente da que ouço em casa.
Há quanto tempo não me acontece sair e ouvir uma música que me chama o ouvido, e depois andar doida a tentar descobrir de quem é.

É por estas e por outras (a idade também não ajuda e a paciência para aturar pessoal bêbado é cada vez menor), que cada vez mais prefiro ficar pelo GaBar.
O mais irónico é que no GaBar eu sou a DJ de serviço.

E esta, hein?!...

7 comentários:

Carpe Diem disse...

Gostei do texto e entendo-te bem, mas eu tenho a sorte de ter o Lux por aqui q, mesmo fazendo 10 anos, ainda consegue inovar e tornar um DJ a estrela principal...

Alem do mais é um espaço onde a musica alternativa comercial (mesmo assim porque a alternativa alternativa é na Zé dos Bois ou na Musicbox) ainda tem lugar fazendo descobrir as CSS antes de toda a gente ou os 2ManyDj´s (tb conhecidos como Soulwax) e confirmar gente como os Dezperados, a Peaches (DJ Set claro), o citado James Murphy e ainda a coqueluche actual da electrónica que são os Justice.

No Porto, pelo que conheço, apenas se escapa a Casa da Musica mantenha-se ela por muitos anos!!

Beijos
Nuno.

PS: Quando é q a DJ do GaBar vem ao Lux? Eu pagava para ir ver ;)

Brunhild disse...

Gosto da ideia de música alternativa comercial. ;D

A Brunhild já foi à Lux uma vez. Gostei e diverti-me bastante. Curiosamente, um dos pontos altos da pista foi qd o DJ passou LCD Soundsystem (por falar no Murphy).
No entanto, à entrada, foi por pouco q não ficamos à porta pq eu quase me passei com o chefe dos seguranças. Só não me passei pq, quem tava cmgo, não me deixou. Das pessoas mais estúpidas que conheci até hoje. E olha que eu já conheci algumas. Depois disso, perdi toda e qq vontade de voltar à Lux. Associo sp aquele parvalhão à casa.
Uma longa história... Mais uma que fica para qd eu escrever as minhas memórias.
Claro que nessa altura já serei vitima de Alzheimer e as memórias serão poucas... :D
De qq forma, toda a gente sabe, e quem não sabia fica agora a saber, que, no dia que eu resolver seguir este portuguese dream de ser DJ, o meu objectivo será deixar toda a gente que está na pista a chorar. Será a minha imagem de marca!... O meu factor crítico de (in)sucesso.
bj

Bruno Ramalho disse...

e esta hein quer dizer que tens que ter musiquinha nova pra passar, pela tua alminha e pela dos invitées!!! ;D

(podes sempre ligar um microfone ao sistema sonoro e apelar às mariposas)

:D

Brunhild disse...

Essa é uma festa que está a ser preparada... Tenham medo, muito medo!...

EH EH EH EH EH
(riso diabólico...)

Bruno Ramalho disse...

aquela de deixar o povo todo a chorar?!? Lá se vai a pintura das paredes do gabar... ;P

CatFish disse...

GaBar?...É muito grave nao se conhecer?

Brunhild disse...

Não, não é grave. GaBar é o meu pequeno estúdio quando abre para os amigos. :)