2008: o ano em que só fiz merda - NOTÍCIA OFICIAL

Diz o ditado que o que nasce torto jamais se endireita. Devia ter tido isto bem presente logo no início do ano. Tinha evitado alguns dissabores.

Comecei o ano a cometer um dos maiores erros de sempre. Já estou habituada a cometê-los mas, normalmente, sou só eu quem sofre as consequências. É uma resolução de ano novo recorrente: deixar de ser a minha pior inimiga. Mas desta vez não fiz a coisa por menos. Foi por tudo o que era lado.
Depois disso, lá devo ter entendido que perdido por cem, perdido por mil, e a partir daí, foi um desfilar de tiros nos pés. Até hoje. Nove meses de asneirada pegada.

Parece que entrei sozinha numa feira de diversões mas daquelas de quinta categoria, do género da de Coney Island, a feira dos freaks.
Comecei pelos carrinhos de choque, labirinto de espelhos, montanha russa, casa dos horrores e, por fim, o carrossel: eu no centro e tudo o resto a gravitar à minha volta. O pior de tudo é que eu quero sair, mas não estou a conseguir.
Já não sei em quem me transformei. Não me reconheço em muitas das minhas atitudes. Já não me aguento, estou farta de me aturar. Farta de tudo, para ser muito sincera.
Apetecia-me ser invisível. Que ninguém desse por mim, que eu pudesse vaguear à minha vontade. Sinto-me presa. Presa a esta vida acomodada e nada fazer para mudar. Sinto-me revoltada mas não sei bem contra quê ou quem. Talvez contra mim. Sinto uma dor constante que não sei de onde vem. Gosto de pensar nela como uma dor de crescimento. Como aquelas que se tem na adolescência. Só que esta não é física. Aliás, às vezes parece mesmo que é aí que me encontro, na adolescência. Sim, é isso mesmo. A mesma dor e a mesma revolta. A mesma vontade de me isolar do mundo. Se não fosse dramático, seria cómico. Sou mesmo menina para ainda achar piada à situação.
Sinto-me um comboio completamente fora de controlo: por vezes lento e calmo, ao passar nas planícies; mas, na maior parte das vezes, violento e arrasador. Eu não tenho controlo sobre ele. E ninguém parece ter.

Conclusão, vou retirar-me. Espiritualmente, pelo menos. Já que fisicamente não me é possível.
Talvez seja disso que eu precise, de me encontrar. É possível que não volte a ser quem era porque há coisas que nos marcam profundamente e que nos impedem de voltar. Mas prometo tentar... Prometo mesmo.

15 comentários:

Bruno Ramalho disse...

já não é a primeira vez, que, infelizmente, consegues passar para palavras o que me vai na alma... e desta vez foi assim na mouche... a rondar os 90% de exactidão... ouch, que me dói tudo! De mim para mim: venha 2009, e um encontro comigo mesmo, daqueles mais a sério, e que seja para durar.

De resto, não há moobes pra beber, pints pra ver? :D

Brunhild disse...

:)

Acho que nem mesmo o cinema ou uma pint me tiram de casa... :)
Acho que nem um convite p ir jantar ao grego conseguia essa proeza...

P semana, ok?

bj

Anónimo disse...

Dilema nao existe nenhum :) nao me identifico porque ainda nao me sinto confortavel. Se sabes quem sou, se formos apresentados um dia vou me rir desalmadamente :D
Eu nao faço ideia quem sejas, nunca dei a entender que te conhecesse, bem pelo contrário. Sendo que tu ja tens uma ideia acerca da minha pessoa, estas em vantagem :) Pelo menos ciberneticamente :P

Quando ao que figura no post, desculpa-me, nao é o meu lugar comentar, mas entendo por que passas, ja tive em lugar parecido ao teu.

nao ouças Wagner porventura :)

A musica nao resolve nada mas ajuda a sorrir. ouve antes Mozart, Rossini, Haydn, Chopin Maurkas, a 1ª ou 7ª de Beethoven, ou então disco sound, eighties, ou uma parolada. Algo que te faça sorrir no meio de lágrimas, se for necessário. Dou sugestões mais específicas se necessário.

Nao há nada mais contagiante para o nosso espiríto do que um sorriso, nem que seja o mais forçado deles. Ajuda a passar o tempo, mesmo quando tudo corre pelo pior.

Apesar de tudo parece me que beber um moobe ou ver uma pint é sempre boa ideia.

Um beijinho.
Espero que espiritualmente ainda aí estejas.

Brunhild disse...

Este é o meu sítio, vou estar sempre por aqui.

Por momentos, pensei que me conhecesses e estivesses a fazer jogo de gato e rato, que é coisinha que eu não suporto.
Mas afinal não me conheces, nem eu a ti.

:) Dizes-me para não ouvir Wagner... E se eu optar por Mahler? :D Este sim, o meu preferido.
Na verdade, tenho optado pelo jazz e pelo blues, levezinhos.
Eu não sou gaja para deixar de sorrir... É só uma fase menos boa, uma pequena paragem para recuperar o fôlego. ;) Isto passa, não tenho dúvidas. Estes ciclos já são um hábito. :)

Vai aparecendo e vai comentado, se te apetecer. ;)

bj

Carpe Diem disse...

Ora bem, eu entendi bem este texto contudo n acredito que tenha sido tudo mau em 2008... o ano ainda n acabou e, pelo menos, o inicio de Junho foi surpreendente (a modestia n me deixa dizer pq).

Por outro lado entendo-te porque qd es tão interessante como es de facto eu consigo compreender esse interesse todo por ti propria!!

Beijos e n desapareças daqui que há quem te adore e te adore ler :)

Anónimo disse...

Brunhild... A cavalgada das valquirias... A espera de siegfried... o ouro do reno... e o teu preferido é Mahler? Hmmmm... no mínimo curioso...:P Mas ok eu li o teu post da 10ª de Mahler, ta certo.

Eu entendo. Tem sido parecido comigo a questão dos ciclos. Mas já me fartei deles, e já os mandei c'o caraças. Não há nada que uma noite de sono ou uma cervejinha nao cure :P

Eu nao tenho mesmo ideia quem seja a senhora, foi vocemeçê que disse que ja me "topou". Afinal era bluff? Já nada percebo.

Aparecerei. Tem piada ler coisas inteligentes e comunicar virtualmente de vez em quando ;)

Beijinho.

Brunhild disse...

Claro q não foi tudo mau. A nível profissional tem sido bom, já fui aumentada 3 vezes (não só em trabalho como financeiramente :D).
Só ando triste comigo, acho que podia e posso ser e fazer melhor. Isto passa já! ;)

Desaparecer, nem pensar. Escrever é quase uma necessidade vital.

Muito obrigada pelos vosso elogios. 'Tou babada, confesso! :s

Anónimo,
Se costumas assistir aos concertos do CSCP, deves saber quem sou, de vista. Sou mezzo e fico ao pé das sopranos. Morenita, cabelo encaracolado castanho e escuro. E, segundo dizem, sou mto expressiva a cantar. :s

beijocas grandes

Anónimo disse...

confesso que a última vez que fui foi em Dezembro ouvir o Handel. Mas apontarei a descrição no bloco de notas para poder identificar a valquíria, da próxima vez que vos ouvir. Era para ter cantado o requiem de Brahms convosco, mas acabei por não ter tido tempo, com muita pena minha. Vida engraçada.
Beijinho.

Brunhild disse...

Hummm... Por acaso o coro que diriges não é o CPO, não?...
Já fiz parte do coro do CPO. Deixei qd entrei p CSCP.

CatFish disse...

Ó meu Deus.
E eu nao sou crente.
Como esta cidade é pequenina.
De qualquer maneira não é normal teres acertado à primeira.
Apetece-me dizer asneiras.
Tava a gostar do anonimato:)
Jan Wierzba ao seu dispor.

Brunhild disse...

loooool
De facto é engraçado.
Eu era contralto no CPO. Deixei há três anos. :)
Agora é a minha vez de cuscar o teu blogue... ehehheheh

CatFish disse...

ahahaha nada para cuscar :D quanto muito um post no inarmonico mas ja la vai muito tempo :P
Nao se preocupe que nao vou começar a convençê-la a voltar :) por acaso tenho ensaio em hora e meia.

Brunhild disse...

Pois, já reparei. :)

Eu não me preocupo, não há menor possibilidade de isso acontecer, por completa falta de tempo.

Espero que esse tratamento na 3.ª pessoa seja brincadeira!...

Tb estou de saída.
Bom ensaio.
bj

CatFish disse...

De qualquer maneira seria incorrecto da minha parte. Demasiado respeito que tenho pelo Prof. Eugénio Amorim.


Quanto à 3ª pessoa, não, simplesmente boa educação. Nao fomos formalmente apresentados :P Very old fashioned ;)

Beijinho*

Brunhild disse...

De facto, grande falha a minha...
Gabriela Macedo. Muito prazer.

Sim, de facto, pelo Eugénio, muito respeito. E uma admiração imensa.

Agora é de vez. bj