A minha lente cor-de-rosa

Uma amiga aconselhou-me a deixar de ver pela minha lente cor-de-rosa.

Amiga, um pedido: não me digas destas coisas ao final da tarde. Quando for assim, diz-me logo pela manhã que assim tenho o dia todo para pensar no assunto e fico com a noite para dormir. Ok?

Foi uma noite longa e fria, passada em claro.
Põe lente, tira lente… Um exercício duro, que me deixa o coração gelado.

Eu nem gosto muito de cor-de-rosa, de onde saiu esta lente? E como me desfaço de uma lente que uso há trinta anos? Ainda nem deitei fora as lentes verdes descartáveis que usei durante este verão!...

Tirar a lente e ver as pessoas como elas são.
Tirar a lente e ver-me fria e azeda em vez de incompreendida.
Tirar a lente e ver que o que vi nunca existiu.
Tirar a lente e ver que afinal não é a minha estrela a brilhar só para mim mas sim um avião que passa lentamente, lá longe, a caminho do seu destino, completamente alheio à minha presença.

Tirar a lente é um processo muito doloroso que me deixa os olhos vermelhos e inchados. Não quero voltar a tirar a lente. Não quero viver sem a minha lente cor-de-rosa. Não quero ter de lidar com a outra realidade paralela à minha. Prefiro a minha versão dos acontecimentos e das pessoas.
Chamem-me idealista, ingénua, sonhadora, utópica. Eu não quero saber. Prefiro acreditar nesta doce mentira…

2 comentários:

Anónimo disse...

percebo-te e partilho contigo a existência de efeitos, filtros e lentes cor-de-rosa ou de qualquer outra côr... o mais importante de tudo é seres apenas tu, coisa linda q fazes tão bem!!
em qualquer altura, de qualquer côr, estarei sempre aqui para ti.

Carpe Diem disse...

Sê apenas tu com todas as qualidades e defeitos que isso pode representar... usa as lentes da cor que queiras desde que respeites sempre a pessoa linda que és.

Beijo
Nuno.