reality check (continuação) *

* Perdi o fio à meada, vai ser difícil retomar o raciocínio, mas vou tentar. Ainda por cima já não me encontro com aquela disposição, hoje até estou bem disposta.

Concluindo, sabe bem quando, para variar, não sou eu quem organiza os jantares (Estou a precisar de ingerir daquele maravilhoso vinho grego, com muita urgência!); Quando, em casa, não ficam à espera que eu chegue de um dia cheio de trabalho para levar a gata ao veterinário (a minha Suggia foi atropelada); Quando, no emprego, não ficam à minha espera para solucionar um problema que se resolve com o envio de um simples mail; Quando ao sábado à noite não sou eu a decidir onde é a ida;
Sabe bem quando o convite para assistir a um concerto parte de outra pessoa (mesmo que o telefonema comece com um “Olá, parvalhona!”); Quando me convidam para jantar com o intuito de festejar Paddy’s Day (mesmo que o dia de S. Patrício seja só dois dias depois). Quando me telefonam só para saber se está tudo bem (mesmo que isso signifique responder a um minucioso interrogatório onde só falta perguntar o que almocei. Não, esperem! Nem isso faltou!...)
Sabe bem quando me demonstram que a minha companhia é apreciada. Só isso!
Mas estas questões são só gotas num oceano.


A desilusão vem da humanidade. Sendo que “humanidade” tanto pode significar “o conjunto dos homens”, como a capacidade dos Homens em serem compreensivos e benevolentes ou o amor ao próximo.
Por onde anda esta humanidade? Perdida!

Tornou-se quase impossível ler os jornais sem acabar deprimido. Mata-se ou manda-se matar com uma facilidade incrível. Corrupção. Começam-se guerras porque sim. Rouba-se. Espanca-se. Rapta-se. Tudo em prol do bem-estar de cada um. Só isso interessa.

Os nossos políticos são cada vez mais de pior qualidade e com tendência a piorar.
Quando tiverem um tempinho, desloquem-se até ao portal do Governo e ao sítio da Assembleia da República e cheirem os perfis dos nossos ministros e deputados.
Para não falar no Primeiro!!! No seu perfil não consta o seu percurso profissional. Provavelmente nunca teve um emprego, só assinou projectos. Só ocupou cargos ligados à política. Mais nada! Fez carreira política. E é para aí que caminhamos. Quem chega ao poder são estes meninos que se mexem bem. Quem tem valor e capacidade, inteligência e sapiência, não entra neste jogos sujos da política, minada por gajos que não têm nada na cabeça mas que são bons na palavra, nos jogos e manipulações. As pessoas competentes que poderiam de facto ajudar a tirar este país deste buraco financeiro e moral e que não precisam de cargos políticos para vingar na vida, uma vez que vingam por si, não estão para se sujeitarem a chafurdar na lama com esses badamecos. A não ser que sejam muito patriotas ou idealistas e sonhadores. Sendo que o conceito de patriotismo caiu em desuso com a globalização. (Contra mim falo, sou mais pela Europa que por Portugal. Mas, venha quem vier, o Porto é e será sempre a mais bela cidade do mundo e arredores.) E que, por norma, as pessoas inteligentes tendem a ser racionais e realistas, logo, pouco idealistas e sonhadoras. Prevê-se que o mundo da política ficará entregue à bicharada.

Concluindo, o nosso país vai de mal a pior e o resto do mundo também.
O nosso sistema de saúde é o que se sabe. Fiquei chocada com a notícia sobre a falta de cuidados paliativos. Não fazia ideia.
Tratamos os idosos como se fossem um estorvo e esquecemo-nos que é para lá que caminhamos. No outro dia precisei de ir à Segurança Social resolver um problema da empresa e saí de lá doente.
Há crianças a morrerem à fome a cada minuto que passa e nós só pensamos em gastar dinheiro em coisas supérfluas.
E tantas, tantas outras coisas.

É triste ver para onde caminha a dita humanidade. Uma desilusão. Salve-se quem puder!


Quanto ao desencanto… Este é pela vida e por mim.
Talvez mais por mim que pela vida…


Por tudo isto, acho que é compreensível que eu opte por ver o mundo pelo meu filtro côr-de-rosa, é uma opção consciente, só vejo o que me interessa. E é também por isso que me refugio num bom livro (de preferência um bom romance), no cinema, na música, em qualquer coisa que me faça esquecer tudo isto, nem que seja por momentos.

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