Morte aos traidores?

A meio de uma conversa descontraída sobre relacionamentos, cientes dos meus princípios, questionaram a minha alegada intransigência, perguntando-me se eu alguma vez seria capaz de perdoar uma traição. Era uma boa questão. Mas para responder convenientemente teríamos de perder algum tempo às voltas com a definição de traição. Tempo que, na altura, não tínhamos. No fundo, não me apetecia pensar no assunto nem responder à questão.
No entanto fiquei a pensar naquilo.

Em tempos, uma grande amiga, revelou-se uma perfeita anormal: dissimulada, manipuladora, interesseira, intriguista, egocentrista. Enfim, um rol interminável de qualidades. Apesar de me terem avisado sobre o seu carácter, eu sempre a defendi, nunca acreditei no que me diziam. Até que ela deve ter resolvido colocar-me à prova com uma parvoíce qualquer. Decidiu fazer um braço de ferro. Foi o fim dela. E, infelizmente, quase foi o meu. Foi tamanha desilusão que o meu mundo quase ruiu. Custa muito perder um amigo! Mas, apesar de tudo, passado um tempo, eu cedi. Dei-lhe uma segunda oportunidade. Oportunidade que ela desperdiçou completamente. Aí foi de vez.
Como vêem, aparentemente, no campo da amizade, sou capaz de perdoar uma traição.

No campo amoroso, a questão muda um pouco de figura. Até porque nunca passei por uma situação dessas. Pelo menos, que saiba. E acredito que não. Nunca tive uma relação suficientemente longa que o justificasse. Digo eu!
Portanto, deambularemos pelo plano das suposições.

Começando por mim, posso dizer-vos duas coisas: nunca traí um namorado e, com toda a segurança, jamais trairia. No momento que eu me sentisse atraída por outra pessoa, a relação chegaria ao seu fim. Ou ficaria moribunda. Nunca escapando a uma boa conversa. Isto deve-se à minha educação, foram-me incutidos valores que não consigo deixar de seguir. Sempre tive excelentes exemplos de bons caracteres em casa. Não consigo dissociar-me deles. Estou farta de os questionar. Questiono se esses valores não serão um desperdício de tempo e energia nos dias que correm. Infelizmente, cada um vive com a sua consciência e eu tenho de viver com a minha. E adoro conseguir deitar a cabeça na travesseira e adormecer imediatamente.
Sempre sonhei encontrar alguém que se regesse pelos mesmos princípios. Acredito que vou conseguir. Aliás, sei que sim.

Agora, seria capaz de perdoar a traição de um namorado?
Já é pública a minha dificuldade em confiar plenamente no sexo masculino. Sem confiança, não há entrega, logo, não há relação.
A questão do perdão da traição estaria em grande parte relacionado com até que ponto ela abalaria a confiança.
Em primeiro lugar, a traição nunca poderia ter sido descoberta por mim. Porque aí existiria o propósito de enganar. Acho que neste caso não conseguiria perdoar. Mas seria tudo uma questão de colocar os pratos na balança: esquecer a traição ou esquecer a pessoa. O que custasse menos. Não sei.
No entanto, se ele, após sincero arrependimento, tivesse a coragem de assumir e me contar voluntariamente, aí talvez perdoasse. Talvez! Se não houvessem sentimentos à mistura, se tivesse sido só sexo. Ia magoar-me muito, ia custar. Mas, partindo do princípio que seria um acto isolado e que a confiança, apesar de tremida, se restabeleceria, talvez a relação sobrevivesse.
Como vêem não sou assim tão intransigente.

Seja como for, perdoar uma traição talvez seja a maior prova de amor que se pode dar a alguém.

E para que estamos a falar disto? Porque me colocam estas questões? Passava bem sem pensar nelas.
Eu não tenho nenhuma relação assumida no momento, por isso não posso ser alvo de uma traição, nem tenho nada a perdoar a quem quer que seja. Por isso, vamos esquecer esta temática, até porque não me apetece pensar mais neste assunto melindroso.
Onde íamos mesmo?

3 comentários:

Carpe Diem disse...

Tenho os mesmos principios que tu e posso dizer q partilho essa ideia de confiança e entrega...

Os valores hj em dia andam mt deturpados mas eu n abdico dos meus e tu deves seguir o mesmo caminho.

A propósito, que tal nos encontrarmos a meio da encruzilhada?

Beijos

Jorge disse...

Perdoa uma traição se estiveres certa de que és capaz de ultrapassar e confiar novamente na outra pessoa, caso contrário o ideal é não perdoar. E isso de merecer o perdão, é deveres relativo... nem todos merecem perdão por uma traição e, pelo que vejo, talvez apenas uma minoria rídicula mereça verdadeiramente o tal perdão...

Estás pronta para o próximo chá das 5 ? :)

Brunhild disse...

Nuno, já cá faltavam os teus comentários!... :D

Perdoava, não perdoava... Sei lá! Espero nunca passar por isso. É uma decisão que tem tanto de difícil como de dolorosa. Não faz falta.
Sempre pronta para o chá das 5!!! Isso significa que vens cá no prox fds?! eheheheh