Ana Karenina - II

“Compreendia perfeitamente o estado de espírito de Levine, sabia que para ele as mulheres do mundo se dividiam em duas classes: a primeira incluía todas, excepto Kitty, e essas tinham todas as fraquezas humanas, sendo absolutamente vulgares, na segunda só cabia ela, que não tinha fraqueza alguma e pairava muito acima de tudo o que era humano.”

“Sim, em mim há qualquer coisa de desagradável, qualquer coisa que afugenta”, pensava Levine, ao sair da residência dos Tcherbatski, enquanto se dirigia a pé para casa do irmão. “Não sirvo para conviver com as pessoas. Dizem que é o orgulho, mas a verdade é que nem sequer sou orgulhoso. Se fosse, não estaria na situação em que estou.”
“Era normalíssimo que ela o preferisse. Não podia ser de outra maneira, e não devo queixar-me de nada nem de ninguém. A culpa é minha. Com que direito pensei eu que ela estivesse disposta a unir a sua vida à minha? Quem sou eu? Que sou eu? Um homem inútil, de quem ninguém precisa.”

“Quando nós sairmos com os convidados, a minha mulher e eu, para ver as vacas… Minha mulher dirá: “Kóstia e eu criámos este bezerro como se fosse uma criança”, “Como pode interessar-se por estas coisas?”, perguntará um dos convidados. “Tudo o que interessa o meu marido me interessa também.”

“Por vezes pergunto a mim mesma por que hão-de as pessoas estar assim todas de acordo para me tecerem elogios.”

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