Tríptico: um dia mau

Um dia surreal

Acordei mais rabugenta e mal-humorada do que o costume. Perdi-me na letra com um amigo na noite anterior e deitei-me tardíssimo. A semana começava bem!
Andava cheia de trabalho, coisas pendentes urgentes para resolver e ia faltar de manhã, para andar às voltas com mais papelada da casa. Destino: Repartição de Finanças. Aqueles sítios tão deprimentes!
Azarito! Encontrei um amigo. A minha paciência para conversas da treta já costuma ser pouca, mas a esta hora da manhã, é nula. Às páginas tantas sai-se com “És como o vinho do Porto!”. Nem respondi. Felizmente chamam por mim. Despeço-me e ele ainda tem tempo para me convidar para jantar um dia destes. “Claro! Liga-me para a semana.” Vais, vais…
A enfastiada funcionária pública informa-me que falta o carimbo da Câmara Municipal nas plantas e, consequentemente, não pode aceitar o pedido. Só me apetecia fuzilá-la.
Lá vou eu à Câmara Municipal. Pelo caminho, uma gaja distraída a falar ao telemóvel, quase me bate. Que raio de mania esta das gajas tentarem fazer várias coisas ao mesmo tempo!
Já na Câmara, o simpático funcionário informa-me que aquilo demora no mínimo duas semanas a ficar pronto. Nem quero acreditar! Duas semanas para carimbarem umas plantas?!
Logo à imobiliária. Eles que se desenrasquem!
Finalmente chego ao trabalho e dou de caras com a minha secretária cheia de papelada. Nem lhe vejo o tampo. Felizmente está quase na hora de ir almoçar e nem tenho tempo de fazer nada, a não ser consultar os mails e actualizar o blogue.
À hora de almoço recebo uma óptima notícia que acaba por ser a salvação do meu dia. Valha-me ao menos isso!
Ligam-me da imobiliária. Afinal conseguiram dar a volta ao problema. O único senão, tenho de ir às Finanças novamente da parte de tarde. Bonito!
Tento colocar as coisas em perspectiva e ver o lado bom: pelo menos vou adiar a hora de enfrentar aquela papelada toda lá no trabalho.
A competente funcionária das Finanças justifica o seu lapso com um “Eu nem verifiquei isso. Sabe como é… Quanto mais depressa despacharmos o contribuinte, melhor!”. Era só quem te despachasse!
Aproveito que ando por fora para fazer uns recados pessoais e, a meio da tarde, quando regresso ao trabalho, já só penso na hora de ir embora. Como estou sem paciência para aquilo, resolvo não mexer uma palha e só garantir os serviços mínimos. Ou seja, marcar presença.
Ao regressar a casa resolvo ir dar uma volta, para descomprimir.


Um dia arrebatado

Acordei cansada porque me tinha deitado tarde na noite anterior mas, ainda assim, sentia-me descansada.
Como tinha uma reunião de trabalho fora da empresa a meio da manhã, ainda podia morrinhar mais um bocado. Adoro morrinhar! No entanto, custava-me um pouco não ir directa para o escritório de manhã porque tinha coisas urgentes para resolver.
O gerente do banco, à despedida, diz-me que estou muito mais magra e pergunta-me se ando a fazer dieta. Não considero aquele comentário lá muito apropriado mas ainda assim dirijo-lhe o meu melhor sorriso e respondo que não. Viro costas mas ainda me apercebo dele a tirar-me as medidas. Paciência, precisa-se!
À hora de almoço recebo uma óptima notícia que acaba por ser a salvação do meu dia. Valha-me ao menos isso!
De tarde vou aos Serviços Municipais e aproveito a saída para ver umas montras e fazer umas comprinhas.
Quando regresso ao trabalho quase bato de carro. É o que dá conduzir, falar ao telemóvel e acenar a um amigo que passa em sentido contrário, tudo ao mesmo tempo.
De tarde dá-me a preguiça. Limito-me a pôr a correspondência em dia, a actualizar o blogue e a despachar o que for mais urgente.
Ao regressar a casa, ligam-me para ir ao cinema. Não era má ideia mas não posso, tenho ensaio. E eu não troco os ensaios por nada.


Um dia interminável

Maldito despertador! Ao ouvi-lo, amaldiçoo logo ter-me deitado tão tarde. Custa-me sair da cama, mais do que habitual, e já acordo preguiçosa. Belíssimo início de semana. Isto promete. Ainda bem que ia ao oftalmologista. Sim, descobri que estou a ficar pitosga.
Quando chego ao trabalho, uma das minhas colegas pergunta-me se fui à praia no fim-de-semana, estou com um óptimo ar. Apeteceu-me responder que sim, tinha ido à praia durante aqueles cinco minutos que não choveu no sábado. Mas só lhe respondo que há muitas coisas que fazem bem à pele, além do sol.
Felizmente já estava quase na hora de almoço e só tenho tempo de pôr a correspondência em dia e actualizar o blogue.
À hora de almoço recebo uma óptima notícia que acaba por ser a salvação do meu dia. Valha-me ao menos isso!
De tarde vou tratar de escolher os óculos e aproveito para fazer umas compras de primeiríssima necessidade.
Ao regressar ao trabalho, em pleno pára/arranca, quase bato no carro da frente e dou graças pela minha mania de arrancar em segunda.
Da parte da tarde tento organizar a papelada que invadiu misteriosamente a minha secretária durante o fim-de-semana. O tempo não chega e acabo por não fazer nada. A vontade também não era muito, diga-se. Sinto-me sem paciência para tudo e para todos. Só quero que me deixem em paz e sossego.
A precisar de espairecer, ligo a uma amiga e vou jantar com ela.
Liga-me um defunto a perguntar como estou e se quero ir tomar um café um dia destes. Digo-lhe que esta semana não posso e que lhe ligo para semana. A mãe já vai, espera lá!... Ando mesmo com paciência para te aturar.

2 comentários:

Carpe Diem disse...

Só mau feitio!!! Mas o que eu me ri a ler isto, acho q estas "estupidamente" certa em todos os comentários e ainda digo mais, essa da praia foi genial ;)

Eu gosto particularmente daqueles "amigos" q nos dizem assim "depois telefono-te para combinar qq coisa" e passado meses nada ou nem sequer dão noticias, ponto final... enfim...

Beijos de quem diz que faz e faz mesmo, sem tiradas estupendas, sorry!!!

Brunhild disse...

Mau feitio, EU?! Nãaa!... E sim, eu sou "shy"!

lol
Não era mesmo um amigo-amigo, como compreendes!

bjk