versão revista e melhorada

Enquanto o maestro nos explicava os pequenos pormenores da obra que estamos a ensaiar, dei comigo a pensar que estudar uma partitura nova é como nos apaixonarmos por alguém.
Recebemos a partitura, tudo novo mas a obra está toda ali. No então, é preciso trabalho para, nota a nota, a descobrirmos. Há partes que gostamos à primeira leitura, são mais acessíveis. Passagens mais difíceis, que precisam de dedicação, paciência. Há passagens que apresentam dificuldades por deficiência da nossa técnica: as passagens do registo médio para o registo agudo. Dificuldades pela interpretação: os pianissimos atacados com cuidado e os fortíssimos com contenção. Outras apresentam dificuldades pelo meio em que se inserem, pelo contexto, por exemplo, aquelas passagens com harmonia difícil, em que temos que dar uma atenção extra à afinação. E há partes que só descobrimos quando o maestro, alguém que sabe muito mais que nós, nos alerta para tal.
E sempre, sempre que se canta a obra mais uma vez, se descobre algo novo, não interessa se do nosso agrado ou não, simplesmente novo. E isso é bom.
A cada leitura nos afeiçoamos mais à obra, começa a fazer parte de nós. Quando dá-mos por nós, passamos o dia a trautear a sua melodia.
Para muita gente, “O Messias” de Handel é o coro do “Hallelujah”. Para mim, já é muito mais que isso.
A obra é o que é e não nos compete a nós mudá-la. Ou se gosta assim como é ou não se gosta. E eu gosto assim, tal como é.
O que, à partida seria uma obra bastante acessível, simples de estudar, está a tornar-se uma tarefa séria, da qual não vou desistir enquanto não souber de cor e salteado.
A propósito, ontem, após o exame final, deixei de ser membro estagiário do coro e passei a coralista associada: mezzosoprano. I’m in!

4 comentários:

Bruno Ramalho disse...

eia.. Parabéns!!! Um dia com bom tempo, lembra-me de te raptar até à beira-mar, de guitarra às costas e a tua voz na algibeira... O mais certo é ficares rouca na hora, e os meus dedos congelarem em cima das cordas! LOL ;D

Carpe Diem disse...

Os meus sinceros PARABÉNS!!! Quero ouvir isso mais dia menos dia e acho que este texto está bastante inspirado e realista... pelo menos tu estas a soar como musica aos meus ouvidos conforme te vou conhecendo :)

Beijos
Nuno.

Brunhild disse...

Não me sinto merecedora de tantos elogios. Não me sinto minimamente interessante e muito menos inteligente. Bem pelo contrário, sinto-me bem burrita! De qualquer forma, muito obrigada pelo vosso apoio, rapazes.
bjs

Carpe Diem disse...

Ai a burra que nem sabe que merece elogios destes... assim ate concordo ctg :)