Olé!

Nós temos o fado. A trista sina sofredora. Almas perdidas, desamparadas, boémias, melancólicas.
Não me interpretem mal, eu até gosto de fado. Do vadio e do de Amália.
O fado, espelho do novo povo, do nosso sentir, é fatalista. Passo a redundância.

Depois há quem tenha o flamenco. Também ele surgido da dor de um povo, perseguido.
No entanto, ao contrário do que seria de esperar, a dor e o desespero são acompanhados de palmas, de incentivo e de orgulho, da certeza de que, aconteça o que acontecer, tudo ficará bem. Afinal, o copo está meio cheio.

Adoro isto! Apetece dançar, apetece chorar, apetece dançar a chorar.
Postura firme, orgulhosa. Queixo levantado, gestos determinados. Garra. Sensualidade. Emoção. Expressão.

E a arte nasce precisamente dessa expressão. Da necessidade de expressão. Expressão de emoções.

Arte não é o belo. Pode ser. Mas não tem de ser.
A arte não é um luxo, é uma necessidade.

Para mim, uma necessidade básica. A de me fazer sentir viva!

Olé!, diz a minha costela flamenca.

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