Enquanto via o meu reflexo no espelho e me preparava para esfumar a sombra dos olhos, lembrei a nossa primeira conversa sobre o assunto: "Um dia serás tu. Será a tua vez, amiga!". E, posteriormente, "Gostava de expôr lá. A sala é fantástica. Mas é impossível.".
E eis-me agora, a preparar-me para comparecer à inauguração da tua primeira exposição. Naquele sítio, onde seria impossível expores um dia.
Senti vontade de abandonar tudo e de ir mesmo assim: um olho já pintado e outro por pintar. E decidi, logo ali, que quando te apanhasse à minha frente, te iria dar um enorme beijo, bem repenicado.
É curiosa, a forma como tudo acontece. E, às vezes, tudo sucede de forma tão natural, que quase nos esquecemos de as valorizar. E pensei se estarias a dar devido valor e a aproveitá-lo da melhor forma. Claro que estavas...
Quando lá cheguei, entrei tão lançada pelo edifício que até me esqueci de quem estava a fumar e de cumprimentar as pessoas conhecidas que estavam à porta. Voltei atrás e despachei o assunto apressadamente.
Pelo caminho, mais umas paragens obrigatórias para "Olá, tudo bem?". E, finalmente, a sala.
Inchei de orgulho quando vi o teu nome escrito à entrada. Perguntei por ti... Lá estavas tu, de costas, a conversar. Apeteceu-me interromper! Mas esperei, ansiosa.
Não te dei o beijo repenicado que tinha planeado. Mas, tens razão, e foi espontâneo, talvez por ter sido tão adiado: aquele abraço foi tudo e foi muito, mas muito sentido.
Fico tão contente quando as coisas (alegadamente) impossíveis, acontecem! Quando os sonhos se realizam. Só porque sim. Porque têm de acontecer...
E agora, amiga... Serralves?...
E porque não?
Álbum: raízes
Há 12 anos
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