Depois do doido do Bokowski, será a vez de Pedro Paixão.
Eu, que nem acredito na paixão (mas acredito em ser-se apaixonado), gostava de ter paixão no nome: Brunhild Paixão!
Dois bons motivos para ler Pedro Paixão:
«já vi muitas caras mas nunca apertei nas minhas mãos um coração. uma coisa que vive é como um mecanismo, não é? é, só que mexe sozinho, o que o torna impossível e mete muito medo. e quem sabe o que estará dentro de uma cabeça? eu sei. a partir de uma certa hora: sexo, sexo.
só tu me fazes dizer as coisas que te digo. estou à tua espera. quando chegares vou-te morder devagarinho. só até fazer doer. agora, para que o tempo passe, vou escrever o que passa pela minha cabeça.
é então assim. eu sou um menino, tu uma menina. um menino é em tudo diferente de uma menina e em tudo semelhante. isto é a primeira complicação. como todas as outras derivam desta e resumem-se nesta não vale a pena perder tempo com mais complicações.restam as coisas simples. são as mais belas. por exemplo o haver uma pessoa que goste de outra. isto é o mais belo de tudo o que há no mundo por mais que se procure por todo o lado.
o que é que quer dizer uma menina gostar de um menino ou um menino gostar de uma menina? quer dizer: fazerem tudo um pelo outro. o tudo é que pode ser maior ou mais pequenino. e o que quer dizer um menino gostar de uma menina que também gosta desse menino? isso é o fim do mundo.de vez em quando, muito de vez em quando, há o fim do mundo. o mais engraçado é que ninguém nota. o menos engraçado é que ninguém aprende. isto é: ninguém sabe nem como começa nem como acaba, nem como se repete. para dizer a verdade nem se sabe como dura um fim do mundo em que duas pessoas podem fazer tudo, são tudo, sem mais ninguém. não está bem.
é por isso que há os amigos. os amigos sobrevivem aos fins do mundo. este é o único critério. a amizade é tão bonita como o amor e tem a obrigação de durar mais tempo. por aqui se vê que o tempo é muito importante. e o que é que dura mais tempo? é a família. é mesmo a única coisa que dura do princípio ao fim. porque o pai só é pai quando tem um filho e o filho só é filho quando tem um pai e assim é como se fosse o filho a criar o pai. isto parece muito complicado mas é muito simples e portanto muito belo.
() a vida não é uma sucessão de pequenos fins mas sim uma sucessão de pequenos milagres e não digo mais nada até tu chegares para te começar a morder. só, só até doer.
só tu me fazes fazer as coisas que te faço.»
in Histórias Verdadeiras
«Quando vai acabar o nosso amor?
Vai acabar quando não estivermos à espera que acabe, sem mesmo se fazer notar. Só depois, mais tarde, quando se tenta recordar e se começa a perguntar: como foi que aconteceu? e não se consegue voltar lá, só então se sabe que acabou o nosso amor. Vai acabar sem que saibamos. Só depois, quando já irreparável, é que ficamos a saber que há muito tempo, demasiado tempo, acabou o tempo do nosso amor, uma coisa passada.
(...)"Não vale a pena pensares nisso. Nem no fim nem no princípio. Não vale a pena sequer pensar no princípio nem no fim. Não existem sequer. O amor não tem tempo, vive sem nós. Nós é que vivemos no amor durante um tempo, num movimento do amor. Mas o amor, esse vai continuar, não tem maneira de acabar."
(...) Estamos tão pobres de amor, meu amor. Sente-se tanto, nota-se tanto essa pobreza, esta falta, nunca tanto foi assim tanto, podes crer, meu amor.
É nesta falta, tão pobres dele, que ele cresce, tem de crescer ainda mais, acredita, meu amor.
E do que eu gosto mais em ti é dos teus defeitos, dos teus pecados, da tua mentira que odeias. Para se gostar mesmo, como eu gosto de ti, é preciso dar atenção ao de que não se gosta nada das outras vezes, mesmo nada, isso é que é gostar como eu gosto de ti, é isso, só isso, que me faz gostar de ti. (...) os teus feitos são mortais, mas os pecados, esses são só teus. E meus, se tu quiseres.
(...)E para que serve o amor, diz-me já.
Serve para perder o medo."»
in Muito, meu amor
Fiquei sem saber que livro escolher. Alguém sugere?...
Álbum: raízes
Há 12 anos
4 comentários:
Eu sou fervoroso fã de Pedro Paixão e posso-te sugerir o meu favorito que é, precisamente, o "Muito Meu Amor"... ou então lê o "Cala a minha boca com a Tua" ou ainda "Nos Teus Braços Morreriamos".
Apenas lê e sente como eu sei que sempre fazes, é uma leitura diferente mas intensa, muito intensa.
Já reli diversas vezes o "Muito Meu Amor" e nunca me farto, boa leitura!!
Beijos
Nuno.
"Muito, Meu Amor" será!... :)
bjk
é... isto é muito bonito! :)
e então, quando é que vais de férias outra vez? :P
lol
É lindo, n é?! :D:D:D
Dia 17, mas é melhor não espalhar mto p n agoirar... dasse :s
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