Eu sempre me seduzi
por pessoas que falam pouco
que terminam suas frases
com reticências
com interrogações
que qualquer um pode concluir
que qualquer um pode continuar
interagir
abandonar
simplesmente calar
ou desandar em seu silêncio
em outro divagar
outros caminhos
ir além (...)
Eu sempre amei as pessoas
que falam pouco
que pensam mas
que não são dadas a longas reflexões
a partir de banalidades
porque o banal é para ser banal
e respeitado como tal
e não tornado uma lógica
uma filosofia
uma escolástica
daquelas que cansam
só de pensar
Eu sempre gostei de pessoas
que apenas sorriem
que me olham nos olhos
e assim me respondem
que simplesmente entenderam
Eu sempre gostei dos silêncios
das madrugadas
da solidão noturna
onde a distância parece transbordar
os umbrais da cidade
Sempre amei essas pessoas
que assistem o mundo em silêncio
sinto ali uma compreensão profunda
da ignorância própria e do mundo
Gosto da pessoas
que apenas sorriem
que entregam a cumplicidade
de cultivar a simplicidade
de tudo
E compreendi
para mim mesma
que pensar demais
que falar demais
dissecar complexidades
tentar explicar para si mesmo tudo
é uma fraqueza
uma profunda ignorância
do infinito universo
(Anónimo)
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