Comprei o aspirador. Finalmente! Consequentemente, hoje será noite de limpezas. Provavelmente seguirei o conselho que me deram e procurarei motivação extra recorrendo à companhia de um bom vinho. Amanhã conto se resulta ou não.
Montar uma casa sozinha não está a ser tarefa fácil. E não me refiro só à questão financeira porque essa contorna-se. É só deixar de comprar sapatos compulsivamente. Refiro-me mesmo à necessidade de recorrer aos préstimos masculinos. Venha quem vier, lá com a história da igualdade dos sexos, há tarefas que são de gaja e há outras que são de gajo. Exemplificando: escolher candeeiros, tarefa de gaja; comprar as lâmpadas, tarefa de gajo mas viável para uma gaja desde que devidamente assessorada; instalar candeeiros, definitivamente, tarefa de gajo.
Comprei os candeeiros há semanas e solicitei a ajuda do pai para comprar as lâmpadas e instalá-los. Surpreendentemente, diz-me que precisa de saber que tipo de lâmpada eu quero. "Uma que dê luz", respondi prontamente. Ele não achou grande piada à brincadeirinha. Resolvi actuar por minha conta e risco e, numa deslocação a uma grande superfície, dirigi-me à secção das lâmpadas. Bem, eu não fazia ideia da panóplia de lamparinas que existiam no mercado. Há para todos os gostos e feitios. Estava bem aviada. Eu, uma indecisa de primeira ordem, sabia lá por quais optar. Apelei e pedi ajuda a um funcionário. Este descartou-se, alegando que aquela não era a área dele e chamou o colega. Fiquei mais descansada, não era aselhice minha. Afinal é preciso ser-se entendido em "dar à luz" para se poder escolher uma simples lâmpada. Começou um inquérito desenfreado, para o qual não tinha respostas, até que resolvi chamar o meu lado pragmático: expliquei-lhe o efeito que queria e ele lá me aconselhou as benditas lâmpadas para conseguir o dito efeito. Por pouco, pensei que se fosse oferecer para ir lá casa instalar os candeeiros, mas acho que, à última da hora, não achou eticamente correcto. E ainda bem.
No fim-de-semana lá foi o big daddy instalar por fim os famigerados candeeiros. Podia ter aproveitado para instalar os estores também, mas não, "fica para segundas núpcias". Estar dependente da vontade alheia dá-me cabo do sistema!
Tenho agora pela frente a árdua tarefa de escolher um LCD e o respectivo sistema de vídeo. Também tinha incumbido o papá de tal tarefa, mas ele achou por bem que eu também fosse. E eu fui.
Fiquei para lá a vê-los (ao meu pai e o simpático funcionário da loja) falar numa língua totalmente estranha que envolvia FullHD, alta resolução, contraste, tempo de resposta, blue-ray, potência, subwoofers, e outras coisas que tais. De vez em quando, olhavam para mim. Estariam eles à espera que eu decidisse o que quer que fosse relativamente àquela matéria, com aqueles dados? Eu sou profissional de números. Falem-me em euros, para que eu perceba. Até me deu uma quebra de tensão, quando me falaram nos valores. Quantos pares de sapatos vou ter de abdicar de comprar para poder estar refastelada no meu sofá a ver as minhas óperas e os meus filmes?... Valerá a pena?... Ainda ando meia hesitante... Não é o fim do mundo se eu não tiver televisão em casa. Será?... Sem televisão mas sempre bem calçada. Parece-me bem!...
PS - Comecei a escrever este texto ontem. Hoje, já estou em condições de afirmar que limpar a casa alcoolicamente motivada, de facto, ajuda. 21h30, casa limpa e arrumada e Brunhild completamente aterrada. A repetir!...
Álbum: raízes
Há 12 anos