O homem Leão

Como reconhece-lo ?

Pelo seu estilo! Tem sempre um ar aristocrático, tem classe. Quando se senta na poltrona parece que se instalou no trono real.

Há 2 tipos de homens leão: o filho de Apolo, que evoca a beleza e a harmonia e o filho de Herculos que evoca a força.

Na saude passa bem, tem no entanto pontos fracos: vista frágil e o coração deve andar vigiado.

"Eu cá penso....". Esta é uma forma habitual de o leão começar as suas frases, sublinhadas de seguida por numerosos "compreendes?" interrogativos e insistentes.
Narcisista por um lado, desejo de ser compreendido e de comunicar por outro. Mas sempre a partir de uma posição em que o Leão é dominante. Olha de cima para baixo, sem sequer se aperceber disso. Chamam-lhe "orgulhoso" mas aceitam naturalmente esta superioridade que ele exibe com inocência.

Entre os grandes defeitos do leao, citamos ainda o temperamento colérico que por vezes o faz explodir em furias cegas, devastadoras, com grandes gestos que varrem tudo á sua volta. O orgulho e aquela segurança inocente que quase chega a ser ingénua e só se torna insuportável quando se transforma em despotismo.

Mas o leao tem outro lado completamente diferente: capaz de grandes sentimentos, duma nobreza extrema, despido de qualquer mesquinhez, ardente e generoso, com um profundo sentido de justiça e um idealismo vigoroso e magnânimo. Uma inteligencia clara, flexivel, brilhante, permite-lhe aprofundar imediatamente os problemas.
Possui um notavel sentido de sintese. Podemos ainda aludir á coragem, á autoridade, a uma preocupacao inegável com a honra e a reputacao. O magnetismo natural que possui dá-lhe um grande ascendente sobre todos quantos com ele privam.

Para que é dotado?

Para o êxito! Eis porque ele suporta tão mal a mediocridade. Homem de grandes empreendimentos, grandes projectos. O lado napoleónico ou mussolinico da personagem. Precisa de ver as coisas em ponto grande com uma confianca tranquila e de ter a certeza que os obstáculos não conseguem faze-lo parar. Pobre dele se falha! Nessa altura corre o risco de explodir , de ficar reduzido a zero, pois a duvida nao cabe no seu sistema defensivo.

Tambem pode ser um homem do espectaculo, sente-se á vontade num palco ou numa tribuna.

No entanto deve desconfiar dos seus gostos caros e do seu amor pelo luxo, das suas aspiracoes ao mecenato.....condiçoes ideais para juntar uma grande fortuna.....ou arruinar-se. Nem todos os leões se chamam Lourenco o Magnifico!

Como ama?

"leao soberbo e generoso", que gosta de proteger a mulher amada. Por ela é capaz de mover montanhas. Em troca exige-lhe uma admiraçao inalterável.....e que faça as coisas de forma a que os outros homens o invejem por levar pelo braço uma companheira tão bela e elegante. Em resumo, exige que a mulher seja mais um elemento do seu prestigio. Em caso nenhum ela se pode arriscar a competir com ele : a companheira ideal tem que ajudá-lo a triunfar ou realiza através dele e só dele as suas ambições pessoais!

Muito apaixonado, atribui importância a uma certa qualidade erótica e estética da relação sexual, entrega-se generosamente e, de certa forma, considera que executa uma boa acção quando se digna conceder os seus favores á dama que elegeu. Digamos antes que ele se empresta com gentileza a uma verdadeira atenção ao ser com o qual estabelece relações amorosas.

"Brilha" como o sol, e se, por vezes, queima, fica sinceramente penalizado com isso pois detesta fazer sofrer os outros. Não existe nele nenhum sadismo consciente. Mas não é aconselhável desiludi-lo!

Está demasiado centrado na sua própria pessoa, demasiado preocupado consigo mesmo para conseguir amar de forma absoluta, mas proporcionará uma vida agradável á mulher que escolher, se esta for a mãe dos seus filhos e lhe garantir uma relação, afectiva suficientemente rica.......caso contrário a sua fidelidade torna-se problemática.

Se fosse um instrumento de musica seria um Violoncelo.

A Medicina na Voz do Povo


Carlos Barreira da Costa, médico Otorrinolaringologista da mui nobre e Invicta cidade do Porto, decidiu compilar no seu livro A Medicina na Voz do Povo, com o inestimável contributo de muitos colegas de profissão, trinta anos de histórias, crenças e dizeres ouvidos durante o exercício desta peculiar forma de apostolado que é a prática da medicina.

Eis aqui alguns excertos:

"Tenho esta comichão na perseguida porque o meu marido tem uma infecção na ponta da natureza."



O DIÁLOGO COM UM PACIENTE COM PATOLOGIA DA BOCA, OLHOS, OUVIDOS, NARIZ E GARGANTA É SEMPRE UM DESAFIO PARA O CLÍNICO

  • A minha expectoração é limpa, assim branquinha, parece, com sua licença, espermatozóides.

  • Quando me assoo dou um traque pelo ouvido, e enquanto não puxar pelo corpo, suar, ou o caralho, o nariz não se destapa.

  • Não sei se isto que tenho no ouvido é cera ou caruncho.

  • Isto deu-me de ter metido a cabeça no frigorífico. Um mês depois fui ao Hospital e disseram-me que tinha bolhas de ar no ouvido.

  • Ouço mal, vejo mal, tenho a mente descaída.

  • Fui ao Ftalmologista, meteu-me uns parafusinhos nos olhos a ver se as lágrimas saíam.

  • Tenho a língua cheia de Áfricas.

  • Gostava que as papilas gustativas se manifestassem a meu favor.

  • O dente arrecolhia pus, e na altura em que arrecolhia às imidulas, infeccionava-as

  • A garganta traqueia-me, dá-me aqueles estalinhos e depois fica melhor.



AS PERTURBAÇÕES DA FALA IMPACIENTAM O DOENTE

  • Na voz sinto aquilo tudo embuzinado.

  • Não tenho dores, a voz é que está muito fosforenta.

  • Tenho humidade gordurosa nas cordas vocais.

  • O meu pai morreu de tísica na laringe.




OS PROBLEMAS DA CABEÇA SÃO MUITO FREQUENTES

  • Há dias fiz um exame ao capacete no Hospital de S. João.

  • Andei num Neurologista que disse que parti o penedo, o rochedo ou lá o que é....

  • Fui a um desses médicos que não consultam a gente, só falam pra nós.

  • Vem-me muitos palpites ruins, assim de baixo para cima....

  • A minha cabecinha começa assim a ferver e fico com ela húmida, assim aos tombos, a trabalhar.

  • Ou caiu da burra ou foi um ataque cardeal.



OS APARELHOS GENITAL E URINÁRIO SÃO OBJECTO DE QUEIXAS SUI GENERIS

  • Venho aqui mostrar a parreca.

  • A minha pardalona está a mudar de cor.

  • Às vezes prega-se-me umas comichões nas barbatanas.

  • Tenho esta comichão na perseguida porque o meu marido tem uma infecção na ponta da natureza.

  • Fazem aqui o Papa Micau (Papanicolau)?

  • Apareceu-me uma ferida, não sei se de infecção se de uma foda mal dada.

  • Tenho de ser operado ao stick. Já fui operado aos estículos.

  • Quando estou de pau feito... a puta verga.

  • O Médico mandou-me lavar a montadeira logo de manhã.



AS DORES DA COLUNA E DO APARELHO MUSCULAR E ESQUELÉTICO SÃO DIFÍCEIS DE SUPORTAR

  • Metade das minhas doenças é desfalsificação dos ossos e intendência para a tensão alta.

  • O pouco cálcio que tenho acumula-se na fractura.

  • Já tenho os ossos desclassificados.

  • Além das itroses tenho classificação ossal.

  • O meu reumatismo é climático.

  • É uma dor insepulcrável.

  • Tenho artroses remodeladas e de densidade forte.

  • Estou desconfiado que tenho uma hérnia de escala.



O PORTUGUÊS BEBE E FUMA MUITO E DESCULPA-SE COM FREQUÊNCIA

  • Tomo um vinho que não me assobe à cabeça.

  • Eu abuso um pouco da água do Luso.

  • Não era ébrio nato mas abusava um pouco do álcool

  • Fujo dos antibióticos por causa do estômago. Prefiro remédios caseiros, a aguardente queimada faz-me muito bem.

  • Eu sou um fumador invertebrado.


O APARELHO DIGESTIVO ORIGINA SEMPRE MUITAS QUEIXAS

  • Fui operado ao panquecas.

  • Tive três úlceras: uma macho, uma fêmea e uma de gastrina.

  • Ando com o fígado elevado. Já o tive a 40, mas agora está mais baixo.

  • Eu era muito encharcado a essa coisa da azia.

  • Senhor Doutor, a minha mulher tem umas almorródias que, com a sua
    licença, nem dá um peido.

  • Tenho pedra na basílica.

  • O meu marido está internado porque sangra pela via da frente e pinga
    pela via de trás.

  • Fizeram-me um exame que era uma televisão a trabalhar e eu a comer
    papa.

  • Fiz uma mamografia ao intestino.

  • O meu filho foi operado ao pence (apêndice) mas não lhe puseram os
    trenós (drenos), encheu o pipo e teve que pôr o soma (sonda).



OS MEDICAMENTOS E OS SEUS EFEITOS PRESTAM-SE ÀS MAIORES CONFUSÕES

  • Ando a tomar o Esperma Canulado - Espasmo Canulase

  • Tenho cataratas na vista e ando a tomar o Simião – Sermion

  • Andei a tomar umas injecções de Esferovite – Parentrovit

  • Era um antibiótico perlim pim pim mas não me fez nada – Piprilim

  • Agora estou melhor, tomo o Bate Certo – Betaserc

  • Tomo o Sigerom e o Chico Bem - Stugeron e Gincoben

  • Ando a tomar o Castro Leão – Castilium

  • Tomei Sexovir – Isovir

  • Tomo uma cábulas à noite.

  • Tomei uns comprimidos jaunes, assim amarelados.

  • Tomo uns comprimidos a modos de umas aboborinhas.

  • Receitou-me uns comprimidos que me põem um pouco tonha.

  • Estava a ficar com os abéticos no sangue.

  • Diz lá no papel que o medicamento podia dar muitas complicações e alienações.

  • Quando acordo mais descaída tomo comprimidos de alta potência e fico logo melhor.

  • Ó Sra. Enfermeira, ele tem o cu como um véu. O líquido entra e nem actua.

  • Na minha opinião sinto-me com melhores sintomas.


O QUE OS DOENTES PENSAM DO MÉDICO

  • Também desculpe, aquela médica não tinha modinhos nenhuns.

  • Especialista, médico, mas entendido!

  • Não sou muito afluente de vir aos médicos.

  • Quando eu estou mal, os senhores são Deus, mas se me vejo de saúde
    acho-vos uns estapores.

  • Gosto do Senhor Doutor! Diz logo o que tem a dizer, não anda a
    engasular ninguém.

  • Não há melhor doente que eu! Faço tudo o que me mandam, com aquela coisa de não morrer.




EM RELAÇÃO AO DOENTE O HUMOR DEVE SEMPRE PREVALECER SOBRE A SISUDEZ E O DISTANCIAMENTO.

Senão, atentem neste clássico

  • - Ó Senhor Doutor, e eu posso tomar estes comprimidos com a menstruação?

Ao que o médico retorque:

- Claro que pode. Mas se os tomar com água é capaz de não ser pior ideia. Pelo menos sabe melhor.




A mulher Aquário

Há 2 tipos de aquarianas: a "angélica", de rosto fino, olhar sonhador e admirado,ar distraido, carnação transparente. A "uraniana" , mais dura de expressão fixa....Muito mais mulher fatal, fazendo lembrar Antinea, rainha da Atlantida, grande devoradora de homens, nascida da imaginação fecunda de Pierre Benoit. Veste-se de forma excêntrica, com gosto, e usa jóias bárbaras.

Por vezes surpreendemo-la na rua a murmurar com os seus botões palavras incompreensiveis, com uma expressão desvairada. Esta é a uraniana.

A angélica envelhece bem;o olhar ingénuo e a clareza do olhar acentuam-se; os olhos velam-se de melancolia e chamam muito a atenção. Não faz gestos largos como se uma espécie de timidez prendesse o seu corpo.

(qual delas será a Brunhild???)


A mulher aquariana tem uma natureza inconformista e algo excêntrica , consideram-na ligeiramente "amalucada", uma vitima da incompreeensao do espirito burguês. Precisa de calma e deve evitar as emoções violentas que podem reforçar a sua tendência para se excitar demasiado.

Tem magnetismo e intuição.

(agora o melhor!!!) Na idade média foram queimadas, com certeza, muitas mulheres aquario de temperamento insubmisso, revoltado, com dons de vidente ou de curandeiras, e um olhar estranho de quem "tem o diabo no corpo". E como sentiam curiosidade por tudo, conheciam sem duvida as plantas e as ervas medicinais. E, além disso, gostavam de fazer "coisas impróprias", desafiando assim a estupidez e o conformismo, talvez até praticassem abortos, porque desejavam ser livres.... (ena!ena! com que então D.Brunhild, além de bruxinha também gosta de provocar !)

No médico:
Desconcerta os médicos que não compreendem as suas doenças; tratam-.na daquilo que não tem e não descobrem os seus verdadeiros males; até neste dominio se comporta de forma diferente das outras pessoas....Uma coisa é certa, a saúde dela depende essencialmente do equilibrio afectivo e psiquico. Quando está contente demonstra uma surpreendente resistencia. (Brun, não vás mais ao médico! )

Citação de Conrad Moriquand : "A mulher de aquario é ambigua e parodoxal, cheia de delicadeza e incoerencias, revoltada em todos os planos.
De natureza cerebral, guia-se unicamente pelos sentimentos, situa-se á margem de todos os conformismos. Ideias elevadas apesar da despordem da sua existencia e do seu romantismo" (este Sr.deve ter namorado com uma aquariana, só pode!)

Possui vário rostos: simultaneamente credula, inteligente, infantil, caprichosa e obstinada, generosa e agressiva, com grandeza de alma, e por vezes mesquinha , capaz de inexplicaveis teimosias , dedicada aos amigos, dura para com o marido, defendendo as suas ideias de igualdade e cometendo injustiças , exprimindo com coragem as suas opiniões, mas adoptando as dos outros (mázinha!!!!), amável com cóleras histéricas, apaixonada com manias, preguiçosa, metódica e boémia, gostando simultaneamente de ordem e anarquia...nem sempre é fácil abrir caminho neste universo de contradições. As suas ideias, de resto, quase sempre se opõem, áquilo que faz. ( o velho ditado de olha pra o que eu digo e nao olhes para o que eu faço !) Mas isso desconcerta apenas os outros!.

Mas há que fazer-lhe justiça, ela esforça-se por progredir , por acompanhar com pessoas inteligentes e generosas por se enriquecer convivendo com elas (as amigas agradecem a preferência!), tem curiosidade pela sua pessoa, pela vida, pelo mundo, pelo oculto, pelos mecanismos do inconsciente, por tudo o que pode fornecer-lhe uma chave para o futuro, o que pode permitir-lhe compreender o espirito humano ( e depois admiram-se de ela andar na rua completamente alienada!)

Quando consegue conquistar a autonomia sem ter como objectivo chocar e provocar, utilizando os seus dotes, a mulher de aquario que encontrou o equilibrio entre as suas exigencias intelectuais e a sua afectividade, surge como uma criatura notável e infinitamente sedutora.

Para que é dotada?

Quer ser livre igual ao homem!
Está sempre pronta a afirmar a sua independencia por todos os meios e coragem não lhe falta!
Procura associações ou o trabalho em equipa, que lhe podem dar o estimulo que não possui. È uma maniera de impor a si própria um constrangimento da sua escolha.
Deixa em tudo o que toca a sua marca original. Com grande curiosidade pelas pessoas, apreciará sobretudo uma profissão que a ponha em contacto com os outros.

Mas não consegue estar fechada num escritório, a executar as mesmas tarefas durante um nr.fixo de horas por dia!
Quer organizar o trabalho á sua maneira ; aliás pode-se confiar nela, pois é escrupulosa e cumpre o que promete.
Tem á vontade nas negociações e ousa reclamar o que lhe devem, enfrenta pessoas importantes , o patrao ou quem quer que seja. O Papa se for preciso!

Voa em socorro dos oprimidos!

As suas qualidades de organização são admiráveis. Aliás diz frequentemente frases como esta: "Vamos lá pôr um pouco de ordem nisto!" . E fá-lo realmente! È nestes momentos que pode dar o melhor de si própria.

Também é mulher para engrossar as filas dos marginais, dos nómadas, dos hippies, dos adeptos da vida comunitária. Pois a sua ambicao consiste em primeiro lugar, em ter tempo para viver, em aproveitar o imprevisto e em fugir a todas as formas de escravatura!

Como ama ?

Sonha com amores maravilhosos, como as raparigas que suspiram pelo principe encantado. Com a diferença que o principe deverá ser, antes de mais, um homem admirável: um grande artista, um grande pensador, um grande sábio, um politico notável, tanto faz! È a sua faceta que aspira á glória, preferindo ser infeliz do que cair do pedestal!

A decepção torna-la-á dura, hostil, agressiva: nunca perdoa áquele a quem admirou tê-la enganado, nunca perguntando a si própria se não deveria antes atribuir as culpas á sua falta de discernimento. "Atreveu-se a fazer-me isto!!"

Gosta de relações inacabadas, de sonhar, de um certo mistério no "principio", das trocas epistolares apaixonadas, nas quais emprega todo o seu estilo, dos "namoros pelo telefone", da esgrima com floresta, dos jogos com o acaso.

Incoerente. A mulher aquariana casa-se várias vezes ao passo que defende o celibato, liga-se a alguém a quem já deixou de amar, volta a casar-se com aquele a quem abandonou.

Depois dos 50 anos continua a querer seduzir, mas compreende que se adapta melhor á solidão. Por vezes também, continua a manter uma união com o homem que já não lhe interessa mas de quem tem pena, procurando ser-lhe útil - e é-o realmente - e mostrar-se sua amiga. Mas irrita-o com uma tagarelice constante. È a sua maneira de reagir á angustia: através da excitação, da agitação, duma onda de palavras.

Gosta mais de desempenhar o papel de egéria do que o de mecenas. è capaz de tudo pelo homem de quem gosta - enquanto o ama verdadeiramente - sacrifica o seu conforto, o seu tempo e a sua saude. Perdoa as infidelidades e nao detesta as relações ambiguas.

Muitas vezes são mães abusivas - se têm um filho unico e o criarem sozinha. Mas amam-no á sua maneira, sobretudo se ele lhe dá motivos de orgulho.

Se nasceram num meio burguês com principios rigidos, mostrar-se-ão mais "moralizantes" que as outras, até ao dia em que tiram o avental e se transformam na "vergonha da familia" com um prazer infinito!

Mais tarde tornam-se divertidas "velhas senhoras sem vergonha"!

O estranho caso de Brunhild Button

À medida que os anos avançam, mais menina me sinto!...
É óptimo! Até porque não tenho paciência ou feitio para levar uma vidinha comum, de rame-rame.
Eu quero uma vida!
E esta menina, depois do retiro espiritual que fez, regressou cheia dela.

'Bora viver?

diz-me o que ouves, dir-te-ei quem és #14

Bom dia!!!



"I can see clearly now"
Johnny Nash

a verdade vem sempre da boca das crianças *

* A melhor cena do dia do meu aniversário

Afilhada: Parabéeeeens, madrinha!
Eu: Obrigada.
Afilhada: Quantos fazes?
Eu: Trinta e dois.
Afilhada (com os olhos muito arregalados): Trrrrrrinta e dooooois?! Que velha!!!

Crónicas de Praga: checos & checas

Finalmente o texto pelo qual todos os meninos esperavam, aquele onde falarei das checas.

O povo checo é um povo simpático e muito educado. Talvez a palavra que melhor os defina, tal como à cidade, é polido. Aliás como não poderia deixar de ser. Existe sempre uma relação muito forte entre as cidades e as pessoas que as habitam. Uma é a cara do outro (e vice-versa). Haverá melhor exemplo que o nosso: a cidade do Porto e os Portuenses? O mesmo se passa com todas as cidades do mundo. Excepto, talvez, com as cidades mais cosmopolitas, que se descaracterizam um pouco. Mas mesmo nessas, esta relação existe. Poderá não ser tão latente, mas existe.

Como já referi diversas vezes, a língua é incompreensível. Eles são muito poupadinhos nas vogais. O meu cérebro não reteve nenhuma. Excepto Vltava, que já levava. E Rudolfinum, claro! Mas esta não é checa.
No entanto, a barreira linguística é facilmente ultrapassada porque todos os Checos falam inglês. Ou pelo menos, dão uns toques. Mesmo o pessoal mais velho.

Aliás, esta viagem também foi muito benéfica para praticar o meu inglês. E como eu estava a precisar!
Nos primeiros dias, antes de me dirigir a alguém, construía mentalmente as frases numa pronuncia impecável. Pensava eu! Porque quando abria a boca para falar, mais parecia um espanhol a tentar falar inglês. Resultado, ninguém me percebia!
Mas era só a minha timidez a fazer das suas. Arrumei com ela ao segundo dia e a situação compôs-se.

Como dizia, os Checos são muito simpáticos.
Por quatro vezes (só?!) me viram, numa esquina qualquer, a rodar o mapa, ora para a esquerda, ora para a direita, ora do avesso, e a espreitar para as placas das ruas, tentando situar-me, e vieram em meu auxílio.
São muito atenciosos. Gostei deles!

Nota-se que é um povo com cultura, com educação, com substrato, conteúdo. Bem diferentes de nós, portanto, que somos um povo com tendência a deixar-nos levar pelas (falsas) aparências.
Reparei nisso, logo no primeiro dia, no Rudolfinum.

No nosso país, os assistentes de sala e empregados da bilheteira são, por norma, jovens, de preferência, bem parecidos.
Em Praga, não. São pessoas mais velhas, na casa dos 50 e 60 anos. Uns doces!

Quando me preparava para entrar na sala, feita labrega com o meu casaco à Lindsay (Freaks & Geeks) na mão, muito educadamente, a senhora me informa que podia deixar o casaco no bengaleiro. Eu já tinha reparado nisso mas não o fiz porque fiquei intimidada pelos visons. Fiquei com pena do meu casaco, lá, no meio deles, pobre e abandonado.

Mas os Checos não são elitistas. Apesar daquele luxuoso aparato, eles são simples. Os visons surgem por necessidade, para combater o frio. E não, por luxo, ou por uma questão de status.
Esta é a grande diferença entre nós e os Checos (ou os povos daquela Europa).
A cultura é acessível a todos e está enraizada. Um bilhete para a ópera (100 CZK) custa quase tanto como um caffe latte na Starbucks (85 CHZ).
Não é algo exclusivo de classes mais privilegiadas ou hábitos de pseudo-intelectuais.

De uma das vezes que andava perdida por Praga, vi, numa janela, uma senhora de idade. Até aqui nada de novo. Também as há em Portugal. Mas aquela senhora prendeu-me a atenção.
Depois disso, comecei a reparar nas pessoas de idade que passavam por mim.
Aqui, os velhinhos têm olhares sofridos, de quem passou uma vida a lutar para sobreviver. Os velhinhos checos têm olhares vivos, tranquilos, de quem viveu e continua a viver, com dignidade.

Lembro-me de uma velhinha que me deu passagem, quando me vinha embora, já a puxar o trolley. Baixinha, envergando um vison, já curvada pelos anos e andando devagar com a ajuda de uma bengala, como quem tem todo o tempo do mundo. Quando parou e se virou, para me deixar passar, reparei naqueles olhos brilhantes, azuis, vivos, simpáticos, sorridentes. Lembram-se de ver alguma vez, um velhinho assim, em Portugal?
Gostei particularmente do seu cabelo. Parecia uma nuvem branquinha, fofa, a pairar sobre a sua cabeça.
Quando a minha nuvem negra começar a perder a cor, espero que se transforme numa nuvem igual àquela.

Gostei dos gajos checos. Não têm as bonitas feições das checas. Mas têm um "saber ser" e "saber estar" sedutores.
Quando passam por nós rua, sorriem, agradavelmente. Olham-nos nos olhos. Não nos miram dos pés ao peito, esperando que o objecto passe, para o poder avaliar à retaguarda.
Soube bem, para variar.
Digamos que não são particularmente bonitos mas têm qualquer coisa...
Contudo, não me apaixonei nem uma vez sequer.
Verdade seja dita, ou bem que reparava na cidade, ou bem que me perdia de amores pelos checos. E, como eu tenho prioridades na vida, optei por perder-me só pela cidade.

As checas... São bonitas, de facto. Não são tanto quanto me tinham dito mas são. Digamos que em média são mais bonitas. É difícil encontrar uma checa que seja feia. E, de vez em quando aparece um ou outra que é mesmo muito bonita.
Têm feições muito delicadas, olhos claros, tez clara, loirinhas.
Mas vestem-se mal!!!

Crónicas de Praga: o aeroporto de Frankfurt

À ida para Praga, devido ao atraso que o meu voo sofreu, não pude passear pelo aeroporto de Frankfurt.
Na verdade, enquanto o avião se fazia à pista para aterrar, espreitei pela janela e Frankfurt não me cativou.

Agora, no meu regresso a casa, tenho uma hora livre até embarcar. E resolvi descobrir o aeroporto.

É enorme! Parece uma cidade, dentro de uma cidade. (A esta altura ainda não sabia que o aeroporto de Frankfurt só perde em tamanho e afluência para Heathrow.)
Só para terem uma ideia, os funcionário circulam de bicicleta (sim, com cestinho na frente e tudo), de carrinhos tipo os dos campos de golfe (versão sport. Cabriolet, portanto.) ou em segways adaptadas, como a deste senhor que anda a recolher o lixo dos caixotes.
Parece que estou num filme de ficção científica! (Perdoem o meu deslumbramento, mas eu não sou de cá...)

Eu demorei mais de 15 minutos, da porta de onde desembarquei até à porta onde vou embarcar. Que ficam no mesmo sector. Ainda existem mais 3 sectores, no mínimo, só neste piso.

Durante o meu percurso, feito de modo manual, ou seja, recusei a ajuda das passadeiras rolantes à disposição nestas avenidas, passei por diversas lojas e cafés.
Num dos cafés, um grupo de alemães, bebiam cerveja numas enormes canecas. Pensei fazer o mesmo. Em Roma, sê romano. Certo? Mas, com o cansaço que estou, o mais provável era aterrar de cabeça dentro da caneca de cerveja. E, auf wiedersehen, voo para o Porto.
Apetecia-me ficar em Praga. Não em Frankfurt.

Uns metros à frente, deparo com uma cena hilariante, as Camel Smoking Areas. São umas redomas em vidro, patrocinadas pela Camel, onde os fumadores se dirigem para matar o vício. Quais leprosos...
Ainda pensei tirar uma foto mas dava muito trabalho.

Já sentada ao lado da minha porta de embarque, passados 20 minutos de espera, dez deles indecisa entre "vai, não vai" fumar um cigarro ao pé dos camelos, resolvi juntar-me a eles.
Uma vez lá, um alemão fumava um cigarro e bebia uma cerveja em lata. (Perdoem-me a inocência, mas não imaginava que estereotipo do alemão fosse tão fiel.) A esta altura, estão vocês a imaginar uma mísera latinha de 0,33 cl. Certo? Errado! Uma lata de meio litro! Mas, tem lógica. É que o alemão era o dobro de mim. Quer em altura, quer em largura. Gigante! Com uma poderosa voz de baixo.

A propósito, gostei dos alemães. Só é pena aquela mania que eles têm de falar de boca cheia. Mas ainda assim, arrisco: próxima paragem, Berlim?!...

Crónicas de Praga: o adeus

Hoje acordei com uma dor estranha...
Saí para a rua, para me despedir de Praga, debaixo de um céu cinzento.
Segui por Dlouhá até Josefov, o bairro judeu. Adeus!
Desci por Parizska, depois Siroká, até à margem do Vltava. Adeus, Rudolfinum!
Depois Kaprova até Staromestske namesti. Adeus!
Esperei pelas 11h, para assistir, pela última vez, ao aparecimento de Jesus e dos Doze Apóstolos no Relógio Astronómico. Adeus!

E aquela dor...
Ouvi uma música, ao longe. Segui-a. Era um órgão de tubos.
Entrei na igreja, onde decorria uma missa. Tomei um lugar e sosseguei com o canto do Padre, acompanhado daquele som poderoso, vindo do órgão.
Quando terminou, o Padre dirigiu-se à porta, para se despedir das pessoas.
"Não quero ir", apeteceu-me dizer-lhe. Mas, adeus!

Desci até à Ponte Carlos, pensei em fugir até ao Palácio de Praga, mas as forças faltaram-me. Fiquei a meio da ponte. Dividida.
Despedi-me do Vltava, enquanto fumava um cigarro. Adeus!

Continuei até ao Teatro Nacional. Adeus!
Segui Národní até Václavské námesti. Adeus!

"Não me deixes ir", pedi. E a cidade prendeu-me nos seus braços. Aconchegou-me. Emaranhou-me.

Sobrevoo Praga.
A cidade que me recebeu ferida, maltratada, magoada. Que cuidou de mim. E que agora me devolve.
Uma cidade que trago para sempre dentro de mim.
Um bocado de mim, que deixo nesta cidade.

Adeus Praga...

Crónicas de Praga: terceiro dia

Escrevo este texto, sobre o terceiro dia em Praga, no Café Franz Kafka, numa última paragem antes de me dirigir ao aeroporto, enquanto bebo um café, aromatizado com mentol, e chantilli por cima. Muito bom!

No terceiro dia, acordei cedinho, 9h00. A ideia era ir ver dois quadros do meu Monet, ao Palácio Veletrzny, em Praga 7, já bem afastado do centro.
Tive de ir de metro.
Senti-me a Charlotte (Scarlett Joahnsson) em Lost in Translation, ao olhar para o mapa do metro. Esta língua é incompreensível! Mas lá fui e lá conseguir chegar ao meu destino.

À saída do metro, assustei-me! Pensei ter saído em Brooklyn: muitos grafitties, prédios deslavados e uma estação de comboios. Medo!...
Mas como sempre, ao virar da esquina, um admirável mundo novo.
Este bairro, nos subúrbios, não é tão rico como o centro. Mas, ainda assim...

O museu é enorme e vale a pena.
O primeiro piso é dedicado à arte estrangeira do século XX: Klimt, Miró, Picasso e muitos outros que nunca tinha ouvido falar.
No segundo piso, Czech Art 1930-2000. Vi quadros e esculturas de artistas checos, muito boas.
No terceiro piso, Arte Francesa do século XIX e XX: Rodin, Degas, Renoir, Gauguin, van Gogh, Rousseau, Cézanne, Picasso (novamente), Matisse, Chagall e, obviamente, Monet. E muitos mais.

A pintura de Monet mexe comigo. Eu não percebo nada de pintura mas perco-me nos quadros de Monet.
Ver um quadro de Monet ao vivo e a cores é algo que não se esquece.

Passei a manhã quase toda no museu.
Pensei em regressar ao centro de tram para poder apreciar a vista mas achei melhor não arriscar, depois de consultar o mapa, já na paragem.
Regressei de metro.

De volta ao centro da cidade, voltei a perder-me pela cidade. Passeei, passeei, passei... Sempre de nariz levantado, com os olhos postos na arquitectura da cidade, que não deixa de me surpreender a cada esquina.
Talvez fosse o meu ar distraído e maravilhado, talvez fosse a minha fisionomia que gritava "não sou de cá", mas a verdade é que os checos sorriem-me quando se cruzam comigo. Eu sorrio também, como quem diz "cidade aprovada". Povo simpático, este.

Cansada e com frio, resolvi fazer uma pausa e entrar num dos muitos cafés da cidade. Bem diferentes dos nossos cafés.
Há cafés para todos os gostos: tradicionais (como este onde me encontro, tipo Magestic), vanguardistas, chiques e alguns Starbucks. Entre outros.
Sentei-me, abri o portátil e pedi um caffe latte. O empregado põe-se a falar para mim em checo, a apontar para o Eee pc e a rir-se. Eu, com cara de parva a olhar para ele, sem perceber patavina, fiquei com a sensação que me perguntava se era um Magalhães. Mas nunca irei saber...

Sempre que ouço os checos falarem uns com os outros, fico com a sensação que estão a conspirar algo. Imagino que são todos agentes secretos, empenhados numa grande missão: confundirem-me.

Quase todos os cafés têm WiFi gratuita para os clientes. E, em muitos, é permitido fumar. É só procurar.
Em relação ao tabaco, tenho a informar que não existem máquinas de tabaco, como no nosso país. Por isso, abasteçam-se durante o dia, nas muitas tabacarias da cidade. Porque, assim que o comércio fecha, não há tabaco para ninguém.
Eu comprei um maço de Slims local, por 65CHZ, na estação de metro, quando cheguei, que ainda dura.

Depois de voltar às ruas por mais uma hora, regressei ao hostel para descansar um pouco e trocar de roupa, para depois seguir para o Teatro Nacional e assistir à ópera.

Com tempo fiz-me ao caminho, já de noite.
Convencida que a cidade já não tinha segredos para mim, dei descanso ao mapa, deixando-o no bolso.
Ora, adivinharam! Perdi-me! Quase vinte minutos depois, a pensar que o Teatro ficava já ali ao virar da esquina, dou por mim de novo em Old Town Square.
A ver-me ficar sem tempo para comer qualquer coisa antes da ópera, rendi-me e saquei do mapa.
Não correndo riscos de qualquer espécie, porque a cidade é manhosa, joguei pelo seguro, evitando seguir por atalhos. Dirigi-me ao Vltava e segui pela beira rio até ao Teatro.
A vista para a outra margem, de noite, é tão ou mais bonita que a que se tem de dia. O castelo iluminado no alto é imponente.
Arrependo-me de não ter levado a máquina fotográfica e sinto saudades...

18h58, viro a esquina e chego finalmente ao meu destino. Vejo um café, mesmo em frente, onde me preparo para entrar e comer qualquer coisa.
Nisto reparo numa cena digna de um filme. E, mal sabia eu que também era personagem desse mesmo filme. Um casal a correr. Ela trajando um bonito vestido comprido, de gala. Ele, num elegante smoking. Dirigem-se ao Teatro, afoitos e entram. Nesta altura, estranho não haver movimentação nas redondezas e desconfio se não me terei enganado na hora da ópera. Pego no bilhete e Eureka!, enganei-me mesmo. Não era às 19h30 mas sim, às 19hoo.
Entro no Teatro quando se preparam para fechar as portas. Foi por pouco!...

Subo a enorme escadaria sempre lestrinha e, quando entro na sala, soam os primeiros acordes da Abertura.
Já com as luzes da sala apagadas, nem tento descobrir o meu lugar. Sento-me nas escadas e dali assisto ao primeiro Acto.

Esta encenação de Carmen data de 1999 e isso nota-se. É standard mas cumpre o dever.
A mezzo-soprano que faz de Carmen e o tenor que representa José foram em crescendo. Michaela foi absolutamente fantástica. A soprano tinha um timbre muito bonito. Escamillo foi mediano.
O coro adulto esteve razoável e as crianças, muito bem.
A orquestra foi competente.

Durante o intervalo, quando por fim me acomodei confortavelmente no meu lugar, é que pude reparar como o Teatro era bonito. Impressionante!

Já devo ter visto Carmen umas três vezes, no mínimo. Mas vale sempre a pena. Não é à toa que se trata de um grandes clássicos. Apesar do drama, não é pesado e denso. Tem árias lindíssimas e coros que ficam no ouvido.

No fim, fico com vontade de pintar os lábios de vermelho sangue, enfeitar o cabelo com uma flor a condizer e sair a despertar paixões. Mas, como a maquilhagem e as minhas flores ficaram em casa, regresso ao hostel.
Sigo pelo caminho mais longo, a trautear a Habanera...
Si tu ne m'aime pas, je t'aime... Si je t'aime, prends garde á toi...

faz hoje 11 anos

estava com 17 kilos acima do meu peso normal. Mal respirava porque a maldita da rinite lembrou-se de chegar precisamente naquela altura e os médicos não me deixavam tomar o milagroso claritine.
Não podia andar nem sentar, obrigavam-me a estar deitada sempre virada para o lado esquerdo, já não sentia essa parte do meu corpo, estava tudo dormente, tudo inchado, tudo vermelho. Uma ofensa para os olhos!

Tinha dado entrada no hospital ontem ás 8h00 da manhã e só ás 20h00 de hoje (isto há 11 anos atrás), o médico decidiu acabar com aquele sofrimento e aquela espera, fui para o bloco operatório. Apesar do cansaço e da ansiedade eu estava bem disposta. Ainda brinquei com o médico " é então o Sr.Dr. que vai pescar?"

22h15 um choro que nunca hei-de esquecer !

Podiam colocar-te no meio de mil crianças que eu sabia que tu eras a minha bébé!

Parabéns Princesa !
Amo-te muito!

Crónicas de Praga: passeando pela cidade

Programei o despertador para as oito, de modo a poder tomar o pequeno-almoço e aproveitar o dia. Mas este parece que tocou cinco minutos depois de eu adormecer. Devo ter dormido muito rápido.
Não fiz caso da musiquinha que tentava despertar-me e virei-me para o outro lado, a roncar.
Quando acordei, passadas duas horas e com peso na consciência por não estar a aproveitar devidamente a minha visita a esta cidade, saltei fora da cama.

Passada uma hora, estava a bater a porta do hostel.
Destino: Castelo de Praga, do outro lado do Vltava.
Mapa na mão, percurso delineado e olhos postos nas placas das ruas, segui caminho.

É impossível seguir o caminho que nos propomos, por estes lados. A cidade chama por nós, distraí-nos. A arquitectura é qualquer coisa de fenomenal, os restaurantes são lindos e para todos os gostos, as lojas são de perder a cabeça. De modo que, resolvi colocar o mapa no bolso e ir por instinto, sempre de máquina fotográfica em riste. Ia onde a cidade me levasse.

Curiosamente ela levou-me até ao Rudolfinum. A partir daí, segui ao longo do rio até à Ponte Carlos. Linda! Com uma vista fantástica para ambos os lados da cidade.

Já do lado de lá, rumei para o Palácio, no alto.
Dei graças à minha condição física ter melhorado alguma coisinha desde que comecei a correr. A subida até ao Palácio é agreste. Mas faz-se.

Quando cheguei ao cimo, a vista cortou-me a respiração. Esta cidade é, de facto, rica e linda.
Mas o melhor ainda estava para vir. O Palácio, as redondezas do Palácio, a Catedral de S. Vitor e tudo o resto é... Lindo! É de nos perdermos com tanto detalhe. Absolutamente lindo!

Desci e voltei a perder-me pela cidade, em ambos os sentidos, desta vez, do outro lado do rio.

Finalmente dei com uma ponte e regressei ao meu lado da cidade.
Passei pelo Teatro Nacional e não resisti a comprar um bilhete para a ópera Carmen, amanhã à noite. 100 CZK, aproximadamente 4€! É impossível não se gostar da cidade! E quase ficava por 50 CHZ, quando a menina confundiu o meu Visa Electron por um cartão de estudante. Hei-de chegar aos quarenta e ainda há-de haver quem me pergunte se sou estudante!...
Ainda perguntei se não havia problema de ir de calças de ganga. E ela disse-me que não. Espero bem que não! Mas estou de pé atrás, depois do aparato que vi no Rudolfinum, não sei bem o que esperar...

Segui em direcção à Praça de Venceslau, mais um ex libris da cidade. Não sem antes me perder novamente. Que cidadezinha mais petulante. Só faz o que lhe apetece!

Durante o percurso, não pude deixar de comparar Praga ao Porto.
Para é rica e linda, mas falta-lhe algo. É demasiado polida para meu gosto. Falta-lhe aquele sentimento que a minha cidade tem e que eu adoro. Senti saudades...

Chegada a esta parte da cidade, tipo Avenida dos Aliados, fui arrebatada pelo consumismo: lojas e mais lojas a chamarem por mim! Mas resisti. Só comprei umas luvas porque, a esta altura do dia, a resistência ao frio já era pouca.
Mas, se sobrar tempo, e “tempo”, volto lá.

Tentei voltar à Old Town Square sem ajudas mas não consegui. Tive de recorrer ao mapa. Queria chegar lá ainda com luz suficiente para tirar as minhas fotografias do Relógio Astronómico.

Da minha casa de partida, regressei ao hostel. Coloquei a correspondência em dia e fui jantar a um restaurante típico.

São agora 22h, já planeei o meu dia de amanhã, acabei a minha pint e estou pronta para ir descansar.
Pressinto que amanhã me vão doer os ossinhos todos do corpo. Aqueles que tenho e aqueles que não tenho. Mas com a sensação que valeu a pena!

Crónicas de Praga: perdida pela cidade

Estarão, aqueles que me conhecem bem, a perguntar: como é que aquela gaja, que é incapaz de pedir a conta num restaurante aqui em Portugal, se estará a sair em terras Checas, sozinha?
Pois, bem. Aquela gaja está a sair-se muito bem. Pelo menos, até agora. Mas não quero deitar foguetes antes da festa.

Quando o avião se preparava para fazer à pista, espreitei pela janela e vi os campos cheios de neve. E disse para os meus botões: a mensagem que me enviaram ontem à noite, “Donchez dastuszcheck zapotesicz?*", vai fazer-me um jeitaço, pois não trouxe calçado apropriado para a neve. Mas não! Tal como tinha lido, é raro nevar em Praga, apesar das baixas temperaturas.

Saí do aeroporto, ainda de casaco na mão, e pensei “É este o vosso frio?! Pfffff... Fraquinhos!”. No entanto, ao fim de uns minutos, vesti o casaco e apertei-o até ao pescoço.
Não é um frio como o nosso, ou como o de Londres, húmido, que se entranha nos ossos, mas não deixa de ser frio. Ou seja, fresquinho.

Uma vez chegada ao centro da cidade, comecei logo da melhor maneira possível: a perder-me pelas ruas de Praga.

Quando escrevi que pretendia fazê-lo, era no sentido figurado. Mas, alguém levou a coisa ao pé da letra, e lá andei eu, quase uma hora perdida por Praga, sem dar com o hostel.
Acho que o meu GPS de origem só funciona em Portugal...

Ao fim de quinze minutos, aos círculos, desisti e dirigi-me a um posto de turismo para pedir indicações.
O rapaz, muito “simpático”, marcou no mapa o local e o trajecto.
Eu, fiz-me à estrada, um olho no mapa e o outro nas placas com os nomes da ruas.

O problema é que, ao fim de certo tempo, acabava por me distrair. Ou com a arquitectura ou com as montras das lojas, ou com outra coisa qualquer.
Quando dava por mim, lá estava eu no mesmo sítio: Old Town Square.
Devo ter experimentado todas as artérias da praça, tentando chegar ao hostel. Mas só quando fui batida pelo cansaço, ao fim de uma hora, sem força nos braços de tanto puxar o trolley, é que me decidi a seguir o caminho que o "simpático" checo me tinha aconselhado, apesar de me parecer mais distante.

E eis que chego ao famigerado hostel, já praticamente de noite.

[Deixem-me fazer uma pausa só para dizer que, neste momento, janto num restaurante tipicamente checo.
Ou seja, a minha concentração está dividida entre o que vai chegando à mesa e o texto que escrevo.
Sendo que, entretanto, começo a sentir os efeitos do vinho...]

Aqui anoitece muito cedo. Às cinco da tarde é noite. E, sendo época baixa e Inverno, as ruas ficam desertas a partir das seis.

[De volta ao restaurante checo.
Dá-me a sensação que o empregado entende pouco de inglês, por isso, isto vai ser bonito.
Pedi o menu especial checo. Disseram-me que só o serviam ao almoço mas que iam fazer uma excepção para mim. Isto de viajar sozinha tem vantagens!
Entretanto o empregado pôs-se a falar para mim em checo e a sorrir. Eu sorri de volta, sem perceber patavina do que ele me disse.
É bem capaz de me ter mandado abaixo de Praga e eu, feita turista simpática, disse que sim e ainda sorri por cima.
Já comi uma salada, de entrada. Tinha um molho estranho mas bom. No meio das fatias de fiambre, tinha uma pasta qualquer, que era tão picante, que desentupiu-me o nariz e tudo.
Depois disso, comi um caldinho de batata, que também trazia cogumelos e outros ingredientes não identificados.
E agora, acabaram de me colocar à frente o prato principal, que mais parece uma travessa, cheio de carne e mais carne.
E eu já estou cheia!
Estes checos comem que se fartam. Deve ser do frio!...
Não faço ideia que carne estou a comer. Mas tenho a certeza de ter visto a palavra “horse” algures no menu.
Não penses nisso, Brunhild! Com certeza já comeste coisas piores...]

Sem nada o que fazer e sendo tarde para passear, resolvi ir assistir a um concerto da Orquestra Filarmónica Checa, no Rudolfinum.
Não arrisquei. Pedi na recepção que me indicassem no mapa o Rudolfinum e perguntei se era seguro ir a pé. Disseram-me que sim.
De facto, nunca me senti insegura a caminhar pela cidade. Nem mesmo em ruas mais desertas.

Dei com o Rudolfinum à primeira. Fiquei orgulhosa.
Comprei o bilhete e, como ainda era cedo para o concerto, fui dar uma volta pelo quarteirão.

[Acabei de levar à boca uma coisa qualquer que é fofa como uma goma só que não é doce.
Já foi!...]

Entrei num bar, para fazer horas. Também uma estreia: sair à noite sozinha.
Sentei-me no bar e pedi uma cerveja. A cerveja checa tem fama e com razão. Provada e aprovada!
Saquei do meu livrinho de apontamentos, do guia de Praga e comecei a planear o dia seguinte.
Às tantas, quando olho para a frente, o barman preparava um Mosquito e uma Margarida, mesmo ali. Estava a desafiar-me! Se não tivesse o concerto para assistir, tinha alinhado num. Ou noutro.

No regresso ao Rudolfinum, passei por uma patisserie e não resisti. Entrei e comi uma daquelas delícias de bradar aos céus.

[E, por falar em delícias de bradar aos céus, acabaram de me colocar à frente a sobremesa... Divinal! Um strudel, quente, com recheio de maçã e uvas passas, polvilhado com canela. Ao lado, três pequenos montinhos de chantilli, com doce de maçã por cima. A acompanhar, um café. Não expresso, obviamente.]

O Rudolfinum (adoro!!!) é um edifício lindíssimo. Mas, aqui em Praga, é difícil de encontrar um que não seja. Essa é a grande dificuldade.

[Estou tão empanturrada que ainda me vai saltar o botão das calças! Chiça!... Ou melhor, chicha!...]

Habituada ao ambiente descontraído da Casa da Música, fiquei maravilhada a ver aquelas senhoras desfilarem com os seus visons. E sem cheirarem a naftalina!
Ainda bem que optei por ir de vestido. Apesar de levar calçadas umas “pantufas”.

[De volta ao hostel, para publicar o texto e deixar o portátil a carregar, já mudei de roupa e estou pronta a fazer uma visita ao Irish Pub que vi ali na esquina. Estou derreada e empanturrada mas, uma Guinness, é uma Guinness. Aproveito e planeio o meu dia de amanhã.
Ainda me vou habituar a sair à noite sozinha!... Sou gaja, sou gaja...]

O concerto foi de arrepiar! Foi de uma qualidade incrível. Até parece fácil, tocar assim.
O pianista, que nunca tinha ouvido falar, Lars Vogt, é muito bom.
Não fosse a qualidade do concerto, teria adormecido.

Saí de lá completamente nas nuvens e directamente para a caminha.

Estou perdida por Praga!
Amanhã há mais...


* Onde é a sapataria?

"A menina dança?"

Apaixonei-me á porta do elevador!
Agora mesmo, há coisa de uns minutos.

Sabem quando duas pessoas ou mais atravessam uma porta ao mesmo tempo em sentido contrário e ficam parados á espera que o outro tome a iniciativa de dar passagem ?
Foi exactamente isso que aconteceu.

Estava eu a sair do elevador, a tentar sair a bem dizer, quando a porta se abre e esborracho-me num metro e oitenta e muitos centrimetros de olhos, cabelo, barba, carne, dentes pele e outros extras.
E eu qual bailarina, a saltar de um pézinho para o outro, ora esquerda ora direita na esperança que ele se afastasse para um dos lados para eu seguir o meu caminho (e com estas sapatilhas de suspensão os saltinhos ganham lanço e nunca mais param).
E aquele Deus, nem um dedo mexeu, só pestanejava, sorria e trazia no braço uma avózinha adorável.
Quando consegui parar com os saltinhos, olhei para cima, ia pedir licença e diz ele : " vamos dançar?"
Ora, que devia eu responder ???
há várias respostas possiveis: "quando?" ; "agora?"; "seria um prazer !" etc , etc , etc
ou então não respondia e fazia aquele sorrisinho timido acompanhado de um tombar de cabecinha à Horatio do Csi.
ou com a mão atirava a melena para trás e corava.

Não, a estúpida da Ortlinde responde : " a três só se for o bailinho da madeira!"

Ele respondeu com uma gargalhada que ainda está a fazer eco!

È por estas e por outras que vale a pena estarmos vivos!!

Crónicas de Praga: à partida

Comprei esta viagem de impulso, num "dia não". Num dia que estava fartinha desta minha vidinha, que não me tem levado a nenhum lado.

Sempre quis conhecer Praga. Não me perguntem de onde vem este meu fascínio ou fixação por Praga porque eu não sei. É daquelas coisas sem explicação. De cada vez que vejo fotos, que ouço falar, que leio sobre a cidade, mais presa fico.
Curiosamente, quem me conhece e conhece Praga, diz que a cidade é a minha cara. Vamos ver... Não queria criar muitas expectativas, mas é impossível.

Além de ansiosa por chegar e me perder pelas ruas da cidade, por tratar a cidade por "tu" como trato a minha cidade, por me deixar levar por ela, realizo um outro sonho: viajar sozinha. Ok, também estou um pouco assustada. E curiosa, por saber como me irei safar. Eu acho que me vou dar lindamente. E isso é que me assusta. Cada vez mais independente, mais isolada...

Deixo para trás a minha vidinha, as minhas pessoas e a minha cidade.
Não vou pensar na minha vidinha um só minuto. Vou pensar nas minhas pessoas a toda a hora. E vou defender a minha cidade. Por vezes traiçoeira, mas sempre a minha cidade.

Parto a pensar no regresso.
Será um teste. De que irei sentir falta?
Sempre disse que, o melhor das viagens, é o regresso, a chegada "a casa". Sentirei o mesmo desta vez?...

Crónicas de Praga: a minha nuvenzinha negra

Escrevo este texto já dentro do avião.
A esta hora já era suposto eu estar a muitos pés de alturas mas... A minha vida é levada a "mas"... Mas, devido ao mau tempo na Alemanha (faço escala em Frankfurt), o voo foi atrasado, para as 8h15.
Sim, corro sérios riscos de perder o meu voo de ligação para Praga. Sim, estas férias começam bem!
A ajudar à festa, estou sentada no meio de uns 15 brasileiros que ainda não se calaram ou pararam um bocadinho sentados, sossegadinhos.
Mas o festival não acaba aqui.
No banco da frente, vai uma criança, de colo, que ainda não parou de berrar.
Conseguem imaginar o cenário completo?
Resumindo e concluindo, a minha nuvenzinha negra não me larga. Nem nas férias!
Mas eu já tenho um plano. Vou despistá-la, no aeroporto de Frankfurt. Vou deixá-la lá ao abandono, no meio dos alemães, junto das suas priminhas e primaços.

Eu não demoro. Prometo!

Ufa! Finalmente fechei a mala. Literalmente!

Vim aqui só para avisar que, mesmo longe, vou estar perto. Levo o portátil comigo. Por isso, esperem pelas Crónicas de Praga, a qualquer hora, minuto, por qualquer motivo, ou não. Não vou perder nenhuma oportunidade para vos provocar esse sentimento muito feio e mesquinho, a inveja!

Mais informo que podem enviar as vossas encomendas para o meu e-mail. Mas, desde já aviso que, apesar de levar um saco extra para as mesmas, nele não cabem checas. Por isso, meninos, optem por outra coisinha.

Até já...

PS - Tentem não sentir muito a minha falta, ok?!

Não demores por favor

Hoje acordei com um friozinho na barriga.
Apesar de nem sempre estar na tua companhia, sei que estás já ali, á distância de um telefonema. E esta certeza que vem de não sei onde, de que posso contar sempre contigo.....esta certeza que vem de não sei onde.

Cheguei aqui angustiada. Ás vezes queria contar-te, outras, achava que não era importante. Importante foi conhecer-te, descobrir as nossas semelhanças, as nossas diferenças.

Tu ainda choras mas eu já não consigo.
Eu ainda bato as portas e tu não podias ser mais serena.

Completamo-nos. Uso-te, porque através de ti consigo deitar fora aquilo que não devo guardar, porque me disseram que faz mal guardar estas coisas. Mas essa angústia, propositadamente , foi a unica que ficou escondida á espera de um dia favorável.

Patéticamente alguém pôs a descoberto o meu ridiculo segredo . Só tu me preocupavas pois acabaste por estar no meio de um fogo cruzado de uma batalha que não era a tua e que também já não era minha porque eu já me tinha rendido.

Aliviada!
Patetice ou não, fizeram-me um favor, mais tarde ou mais cedo eu teria que falar mas não sabia como o fazer ou como começar aquela história. Apesar de em nada influenciar ou alterar a tua vida tive medo de perder o que estava conquistado até ao momento.

Chegaste de sorriso nos lábios. Foi o que bastou para me tranquilizar e para contar tudo de uma só vez. Fizeste uma ou outra pergunta para te situares e nada mais quiseste saber. Fiquei com a sensação que já sabias de tudo, não porque alguém te tivesse contado. Apenas sabias. Sabias mesmo ?!
Acabamos perdidas de riso! Lembras-te ?! a cavalgada passava a plural e as valquirias dariam lugar a outro nome. Hilariante!

Despediste-te com o mesmo sorriso com que tinhas chegado e marcaste a nossa próxima saída.

Este entendimento que vem de não sei onde provoca-me este friozinho na barriga.

Eu sei que o domingo é já ali, mas não demores por favor.

Pelas minorias...

... Michelle optou pelo amarelo.

So help me God!!!

Já estou farta de ouvir no Barraca Abana, em Casa Branca, tomadas de posse e afins. Irra!!!...

[Ai, que ela voltou! E cheia de mau feitio!... Que medo!]

no more drama

E porque um anjo me falou assim ao ouvido...

lembras-te desses nossos sorrisões juntos? lembras-te? é que eu lembro-me!
rir , rir e rir . porque tinha piada ou porque nos apetecia . simplesmente rir . rir porque estava contigo , eu adoro estar contigo. és das coisas mais importantes que tenho.
por isso peço-te, fica bem outra vez, com este sorriso enorme.
és a minha irmã, és mais do que qualquer coisa ou pessoa, e eu não consigo ver-te assim.


E porque devo ter ficado uns valentes minutos a olhar para a fotografia, quase sem me reconhecer...

... Eu luto, faço um esforço e fico bem. Mais uma vez.

a dor é velha, morre depressa

e a felicidade é uma menina

quando te deixei disse-te que ia ficar bem
e desejei que fosses feliz.
menti !
não sabes? não é possivel ser feliz sem mim!! Ah Ah Ah

quase enlouqueci...quase.

mas quando talvez um dia precisares de mim
vou falar-te olho no olho
quero que saibas que eu passo bem
que canto por tudo e por nada
porque muita água vai correr
e outros me hão-de amar mais e melhor do que tu
e não vais suportar ver-me tão feliz!

sábado á noite

não me apetecia sair! Queria ficar em casa, no meu sofá enrolada no meu edredon preferido a ler ou a assistir a um programa qualquer na minha televisão. E só saí porque me foram buscar á porta de casa! Ainda fiz uma demonstração sobre o conforto do dito cujo e tentei provar por A mais B que era ideal para programinhas caseiros em noites de tédio e chuva, mas não tive sorte. Tiraram-me de casa!

Claro está que quando Ortlinde sai desmotivada a noite não é grande coisa. Então palmilhei a baixa quase toda e meti o nariz á entrada dos bares e não entramos em nenhum porque estava escuro, porque não gostava da musica, porque os copos eram plásticos, porque o beirão é muito caro e porque eram na verdade só desculpas!
"Ah vamos ao Piolho dar um beijinho ao pessoal "! Pfff quando lá chegamos e vi o maranhal de gente, dei um prazo de 2 minutos para dar meia volta de regresso. E assim foi.
A minha companhia fartinha de dar sugestões e de nada me agradar, finalmente percebeu que o melhor era mesmo levar-me de volta a casa.

Óptimo! Finalmente vou poder fazer aquilo que me está a apetecer! Já me imaginava a correr de braços abertos em direcção ao meu edredron branco, como uma amante saudosa do seu grande amor!

Estavamos a caminho do carro quando numa daquelas vielas tipicas da baixa ouço uma musica diferente mas familiar e como apetecia beber , arrastei-me até lá.

Só fui ao encontro do meu lindo edredon ás 4h da manhã!

A música vinha de um tasquinho cabo verdiano. Mornas, kizombas e um ou outro reggae ao vivo e a cores animavam o espaço. Só lá estavam negros e um grupo de finlandeses. Dançavam todos muito agarradinhos num ambiente muito quente e sensual !
Os filandeses descobriram o tasco há umas semanas e são lá batidinhos todos os sábados por causa dos ritmos africanos e da comida.

Conhecemos a dona do estabelecimento, uma cabo-verdiana, ofereceu-nos uns ponches e ginjas feitos por ela, que ao primeiro trago frio já não havia!

Ficou a promessa de lá irmos jantar, porque segundo os filandeses ela só confecciona comida africana, moqueca! moamba! cachupa!

Já me cresce água na boca só de pensar numa moqueca de camarão!

Próximo sábado lá estarei!

Ah...só tenho pena de não poder levar alguém que me parece que vais estar por Praga..... :)

Já estou servida, obrigada!

Bem que eu andava desconfiada. Foram alguns dias seguidos bem disposta. Quase deu tempo para que acreditasse que o bom tempo tinha vindo para ficar. E como eu preciso de sol! Depois de um verão sem férias e sem calor.
Mas, à primeira distracção, tunga!

Mas não satisfeitos, os senhores lá em cima (ou lá em baixo, já não sei), pensaram: "'Tas assim por isso? Então toma lá!".

Não há nada como um problema a sério para reduzir os outros à sua insignificância!

Mas eu sou osso duro de roer. Optimista! Gosto de ver as coisas pelo lado positivo. Pelo menos vou chegar aos 32 fabulosa: com 45kg, anemia e cancro do pulmão!

diz-me o que ouves, dir-te-ei quem és #13



Mon coeur s'ouvre a ta voix
Olga Borodina
(Placido Domingo)

Sansão e Dalila
Camille Saint-Saëns

[Uma das cenas mais bonitas do filme Veneno Cura não tem diálogos, só esta música... É lindo! E eu nunca hei-de secar!...]

diz-me o que ouves, dir-te-ei quem és #12



Another World
Antony & The Johnsons

I need another place
Will there be peace
I need another world
This one’s nearly gone

Still have too many dreams
Never seen the light
I need another world
A place where I can go

I’m gonna miss the sea
I’m gonna miss the snow
I’m gonna miss the bees
I’ll miss the things that grow

I’m gonna miss the trees
I’m gonna miss the sun
I’ll miss the animals
Gonna miss you all

I need another place
Will there be peace
I need another world
This ones nearly gone

I’m gonna miss the birds
Singing all their songs
I’m gonna miss the wind
Been kissing me so long

Another world
Another world
Another world


[The Crying Light, novo álbum da banda, chega às lojas segunda-feira.]

secar??!!




















era preciso que eu deixasse D.Brunhild !!!!

E a polémica continua...

... Site particular permite saber tudo o que o portal das compras públicas não mostra (notícia do Público de hoje).

O site esteve offline a manhã toda, tendo regressado ao activo neste preciso momento.
Não se fala noutra coisa pela blogosfera e até já surgem blogues...Contratos Públicos a Nú.

outra vez o Polónia

anda mal distribuido
todo o vasto carcanhol
chega aos cofres do sul
dos mouros da capital
movimento suarista
não quero desraizar
quem sempre foi marxista
e teve que se pirar

e é sempre o mesmo paleio
em prol da democracia
há que sacrificar quem trabalha
pelo pão de cada dia

é a grande derrocada
é a febre do momento
só os que arranjam bom tacho
nos bancos do parlamento

eu nunca vi com bons olhos
os mentores da revolução
os pergaminhos de um povo
são o ópio da nação

se chegar a autonomia
para que sirvamos os nossos
a gente até diz "Bom dia"
e venham de lá esses ossos

com requinte e com bom gosto
demos tanto á estrangeirada
desde o sol do fogo posto
e vai tudo de empreitada

com o sorriso estudado
sempre a querer tramar alguém
o judeu vem disfarçado
e não lhe foge ninguém

acho que, finalmente, sequei...




Espreitava em seus olhos uma lágrima,
e em meus lábios uma frase a perdoar;
falou o orgulho, o seu pranto secou,
senti nos lábios essa frase expirar.
Eu vou por um caminho, ela por outro;
mas, ao pensar no amor que nos prendeu,
digo ainda: porque me calei aquele dia?
E ela dirá: porque não chorei eu?


Espreitava em seus olhos uma lágrima
Gustavo Adolfo Bécquer

e mais Polónia

O noticiário


cheguei a casa cansado
todo roto derreado
só a pensar no descanso
estiquei-me no sofá

liguei a televisão
só pra ver o que é que há
e assistir á locução
de um qualquer cara de tanso

diz que no Bangladesh
destruiram uma creche
com uma bomba terrorista

vai daí o governante
deu indicações á tropa
que a partir desse instante
qualquer um que ele não topa
seja alimentado a alpista

no Brasil as eleições
perpetuam os ladrões
instalados no poder
é que em momentos de crise
um qualquer fala barato
não pode ter um deslize
nem sequer partir um prato
ou deita tudo a perder

Na India é a vez do Papa
com aquela grande lata
discursar para os hindus

e aqueles desgraçados
bisnetos da providência
com os cabelos rapados
são o espelho da inocência
dum reino de quase nús

no meio desta desgraça
não sei a quem dar a taça
mas cá pra mim desconfio
que isto vai acabar mal
a ver pela confusão
o pânico é geral
já não há absolvição
e a vida está por um fio

por fim quase desmaiado
ouço o ultimo recado
do locutor da tv

diz que há uma inundação
seguida de terramoto
lá pro Afeganistão
e o povinho mais devoto
reza sem saber porquê

nunca mais voto

(Carlos Polónia)

Mamei um sapo
nas ultimas eleições
Por não poder deixar
de cumprir o acto
entre atropelos,maus tratos
e empurrões
lá estava eu a deglutir
bicarbonato

entro na sala atrás dos outros
de mansinho
são mais dezoito
até chegar á minha vez
se continuar a andar assim
devagarinho
só lá saio daqui
pro fim do mês

de repente ouve-se um grito
junto á mesa
um meliante que apalpou
uma garina
e ela responde com um estalo
toda tesa
filho da mãe quase lhe partia
a espinha

sai o pai dela da mesa
com o facalhão
e um matulo pega então
numa cadeira
um reformado de bengala
cai no chão
já é geral a confusão
na sala inteira

ninguém ouve o que grita
o presidente
tenta acalmar o que rapou
de uma navalha
o tipo tem o cabelo rapado
rente
e vai direito ao pai da gaja
esse canalha

ouve-se um tiro disparado
á queima-roupa
roda o rapado da navalha
pelo chão
já tudo enfarda na sala
ninguém se poupa
e eis que entra um guarda que ameaça
com prisão

mais valia o presidente
ter vazado
ao ver o sangue vomita
e eu arroto
saio depressa com tonturas
e enjoado
e juro cá pra mim
nunca mais voto!

Acerca do Carlos Polónia



"Como baterista, harmonicista, guitarrista ou cantor, tem colaborado em inumeros projectos artisticos, incluindo uma passagem pelo cinema (“Cora....e Perifericos”, de Fernando Avila, com argumento de Carlos TE).
No Porto, de onde e natural, consideram-no o verdadeiro homem do Blues, cantado em portugues, com pronuncia e giria genuinas!!!
ACUSTICO, o album de CARLOS POLONIA, revela uma sonoridade electro-acustica, dentro do que se pode designar como Blues cancão urbano. Conta com a participacão de nomes como Telmo Marques, Paulo Filipe, Rui Vilhena e Manuel Sant-esteban.

No Album ‘Acustico’ e nos concertos o destaque vai para o humor e actualidade qb, num espectaculo delirante em vale a pena estar atento as letras, na sua maioria de Carlos Polonia e de Pedro Teixeira, que sabem deixar uma boa fotografia da epoca, denunciando a hipocrisia reinante, abordando de forma mordaz temas incomodos e politicamente incorrectos como a toxicodependencia, o alcoolismo, a exclusão, o racismo... mas não deixando de aprofundar assuntos como a perda, a solidão e o amor."

Título: Acústico









Autor:
Carlos Polónia
Outros Responsáveis: Rui Vilhena; Paulo Filipe de Carvalho; Telmo Marques; Manuel Santesteban; João Nuno Kendall
Resp. Artística: Produção, Paulo Filipe de Carvalho
Elenco: Carlos Polónia, guitarras, harmónica, voz, coros; Rui Vilhena, guitarras acústicas; Paulo Filipe de Carvalho, baixo eléctrico fretless.; Convidados: Telmo Marques, Hammond, piano acústico; Manuel Santesteban, percussão; João Nuno Kendall, guitarra slide (faixa 11).
Publicação: Paços de Brandão : Numérica, 2003
ISRC: NUM 1107
Aquisição: Oferta United Sounds of Music
Descrição Física: 1 disco (CD) (46 min.) : stereo; 12 cm
Área: Pop / Rock Cota: 290.POL.18561
URL: www.unitedsoundsofmusic.com
www.numerica-multimedia.pt