the reason

Quando alguém que me é muito querido me presenteia com palavras certeiras, quando menos esperava e mais precisava;

Quando alguém que nem sempre me compreende e é justo comigo, me chama a atenção para algo que não tinha considerado;

Quando, a pequena Sofia está ao meu colo, a (tentar) fazer uma cara feia, com aqueles brilhantes olhos castanhos enormes;

Recordo que já fui assim: olhos cintilantes, perseverante, algo ingénua. E esqueço as razões que me levaram para tão longe de mim.

Estarão, então, reunidas as condições para voltar? Não sei... Espero que sim.

Sei que tinha saudades. Porque sempre foi assim que me conheci, porque gosto de ser assim, porque gosto de sonhar... A sonhar, sou livre... Tudo o resto, não sei...

o pesadelo português

Esta semana tem sido uma prova de fogo à minha tolerância. Ver as minhas férias tornarem-se uma miragem, por incompetência de outros, porque passam a vida ao telefone com chamadas pessoais ou na internet a enviar mails ao namorado e a falar com os amiguinhos no messenger, esquecendo-se que estão aqui para trabalhar, está a dar cabo do meu sistema nervoso.

Anda uma pessoa a dar o litro para prestar um bom trabalho. Abdicando de almoçar, saindo tarde, levando trabalho para casa e para quê?!
Se procurarem numa edição recente de um bom dicionário da língua portuguesa, poderão facilmente constatar que "profissionalismo" e "burrice", nos dias que correm, são considerados sinónimos.

A propensão dos portugueses para a incompetência e para a falta de profissionalismo dão comigo em doida.
É o absentimso desenfreado dos deputados, é meio país a sustentar a outra metade que não quer trabalhar, é a baixa produtividade, é tudo a ajudar!

No meio disto tudo, a única pessoa que ainda vai merecendo a minha consideração é o boss.
Elas têm caído sucessivamente esta semana, de onde menos de esperaria. Ele até anda meio atordoado com os acontecimentos. Apático. Dá dó olhar para ele.
E ainda falam nas responsabilidades sociais que os empresários têm. É porque devem ter!

Que país de terceiro mundo! E que mentalidades mesquinhas! Fala-se muito da baixa qualificação da mão-de-obra mas devia-se começar por baixo, por mudar a mentalidade tipicamente portuguesinha do chico-esperto.

Não tenho paciência, não tenho mesmo!

Ainda me perguntam por que gostava de ser autista?! Aqui têm um excelente exemplo prático: para que me fosse possível isolar no meu mundo e não deixar que coisas deste género mexessem tanto comigo!
Mas eu mereço!

techno-geek aristocracy

Leiam (porque vale a pena) e pensem bem nas vossas vidinhas:
"Stoooopid .... why the Google generation isn’t as smart as it thinks"


"... there is the great myth of multitasking. No human being, he says, can effectively write an e-mail and speak on the telephone. Both activities use language and the language channel in the brain can’t cope. Multitaskers fool themselves by rapidly switching attention and, as a result, their output deteriorates."
Digam isto aos portugueses, que trabalham ligados ao messenger.

"Meyer says there is evidence that people in chronically distracted jobs are, in early middle age, appearing with the same symptoms of burn-out as air traffic controllers. They might have stress-related diseases, even irreversible brain damage. But the damage is not caused by overwork, it’s caused by multiple distracted work."
I rest my case!...

"«They don’t,» says Bauerlein, «grow up.» They are «living off the thrill of peer attention. Meanwhile, their intellects refuse the cultural and civic inheritance that has made us what we are now»."
Onde é que eu já ouvi isto?!...

"These connections are severed as quickly as they are taken up – with the click of a mouse. Jackson and everyone else I spoke to was alarmed by the potential impact on real-world relationships. Teenagers are being groomed to think others can be picked up on a whim and dropped because of a mood or some slight offence. The fear is that the idea of sticking with another through thick and thin – the very essence of friendship and love – will come to seem absurd, uncool, meaningless. "
Esta, passo, porque não quero ficar deprimida.

"«I can’t read War and Peace any more,» confessed one of Carr’s friends. «I’ve lost the ability to do that. Even a blog post of more than three or four paragraphs is too much to absorb. I skim it.» "
E ainda me gozam por querer perceber Nietzsche palavra a palavra. É certo que ainda não consegui passar da introdução, bloqueei naquela frase e nem com a ajuda do público consegui continuar, mas hei-de conseguir!
Faltava-me o Google!... Levem o Mac!!!

"These things do make our lives easier, but only by destroying the very selves that should be protesting at every distraction, demanding peace, quiet and contemplation."
Agora, pensem!...

Após (re)ler o texto e antes de me condenarem à morte

Para que não surjam mal-entendidos (eu ainda venho com a mão lançada, do outro blogue), gostava de salientar que o texto anterior foi escrito em tom de brincadeira e não é para ser levado a sério. Ok? Muito agradecida!

o sexo dos anjos

Quem me conhece sabe que eu não gosto de conversas sexistas nem um bocadinho. Aliás, não gosto de compartimentar o que não é para compartimentar. Porque generalizar é sempre perigoso, existem demasiadas excepções para o conseguir fazer em segurança, sem cometer graves injustiças.
No entanto, inevitavelmente, por vezes, lá cedo a facilitismos e é ver-me apregoar a quem me quiser ouvir, que os homens são básicos, perdidos e eternas criancinhas. Serão todos assim? Não, claro que não. Mas apetece acreditar e dizê-lo muitas vezes.

Qual é a mulher que não se queixa do seu respectivo quando este, aos primeiros sintomas de uma leve constipaçãozinha, desata a lamentar-se que está muito mal, quase a morrer? Há paciência? Não há!
E quando lhes dá para se armarem em putos reguilas, que só fazem e dizem o que lhes apetece, sem pensarem em mais nada ou ninguém, nem mesmo na consequência dos seus actos? Exactamente! A tua mãezinha que te ature!
E quando lhes dá para complicar o que é tão simples, deixam de perceber português ou de ver um palmo à frente? Boa noite e bons sonhos!

No entanto, uma pequena facção dos homens, tenta (sem resultado, obviamente!), compreender as mulheres. Conhecer as suas motivações, saber o que sentem e o que querem. Acho que até há um filme sobre isso.
Ora, pura perda de tempo e energia. Trata-se de uma missão mais que impossível. Mas há que lhes dar valor por pelo menos tentarem.
Notícia de última hora, rapazes: desistam! São nuances a mais para quem não sabe sequer distinguir um beije de um creme.
Verdade seja dita, apesar de sonhadoras, a nossa imaginação não ousa sonhar tão alto. As mulheres não esperam compreensão da vossa parte (apesar de o afirmarem muitas vezes) porque, para isso têm as amigas. Tal como vocês não querem mulheres inteligentes, com quem possam conversar e ter discussões interessantes, porque para isso têm os amigos.
Mas eu compreendo, as mulheres inteligentes são muito perigosas e não são de confiança. Definitivamente, não valem o risco e o trabalho que dão.

Mas então o que querem os homens?
É fácil, fácil! Em primeiro lugar, sexo. Em segundo, sexo. E, por último, sexo. É em tudo o que pensam e é tudo o que querem. São pessoas simples, de gostos simples. Valha-lhes ao menos isso.
Se, para além da amante, puderem ter uma mãezinha, uma empregada, uma amiga, uma companheira, um troféu que possam exibir aos amigos e fazer morrer de inveja os inimigos, tanto melhor. Ou seja, querem tudo numa só. Ou seja, não sabem o que querem!

E, digam-me, para quê esta discussão patética que não nos leva a lado nenhum? Se, apesar disto tudo, vivemos uns atrás dos outros? E porquê?
Falando por mim: porque, quando querem, os meninos conseguem surpreender-nos e mostrar-nos que são mais do que aquilo que tanto se esforçam por aparentar ser.

the beginning song

Um anjo falou-me ao coração, um diabinho chamou-me à razão, um querubim mostrou-me o caminho e eis-me aqui de novo.