A vida em tons cor-de-rosa

Ontem concretizei um grande sonho: tive a sala de cinema todinha só para mim! Quem pode, pode. Eu sei que é uma sala pequenina, mas não interessa. Não sejam invejosos!...

La Vie en Rose (La Môme)
IMDB: 7,6

Vale pela interpretação da justa vencedora do Óscar para melhor atriz: Marion Cottilard.
E para ouvir La Vie en Rose...



Des Yeux Qui Font Baisser Les Miens
Un Rire Qui Se Perd Sur Sa Bouche
Voila Le Portrait Sans Retouche
De L'homme Auguel J'appartiens
Quand Il Me Prend Dans Ses Bras,
Il Me Parle Tout Bas
Je Vois La Vie En Rose,
Il Me Dit Des Mots D'amour
Das Mots De Tous Les Jours,
Et Ca Me Fait Quelques Choses
Il Est Entre Dans Mon Coeur,
Une Part De Bonheur
Dont Je Connais La Cause,
C'est Lui Pour Moi,
Moi Pour Lui Dans La Vie
Il Me L'a Dit, L'a Jure Pour La Vie,
Et Des Que Je L'apercois
Alors Je Sens En Moi, Mon Coeur Qui Bat...
Des Nuits D'amour A Plus Finir
Un Grand Bonheur Qui Prend Sa Place
Les Ennuis, Des Chagrins S'effacent
Heureux, Heureux A En Mourir

A Pirolito

Há algum tempo que pensava escrever este texto. Tinha decidido que o escreveria para o teu aniversário. A fazer lembrar aqueles que trocávamos há décadas. Mas acabei de mudar de ideias. Afinal, eu nem sou apologista de presentes e surpresas nas ocasiões esperadas, por isso, para quê adiar?

Guardo poucas imagens do passado. Acho o passado um fardo muito grande para carregar. Prefiro viver o presente e pensar no futuro.
No entanto, há uma imagem que guardo bem nítida, o teu ar assustado e perdido, sentada sozinha, naquele primeiro dia de aulas da primeira classe: o dia negro da infância, aquele que temos de sair do ninho e aprender a voar sozinhos.
Perguntei-te se podia sentar-me a teu lado e, assim ficamos, sentadas lado a lado até hoje, melhores amigas.

É impressionante constatar a mutação que sofreste ao longo dos anos. Uma menina com medo de tudo que se transformou numa grande mulher.

Sabes que sempre admirei a tua capacidade de entrega em te entregares às paixões.
É admirável como alguém tão tímido, tão inseguro, conseguia atirar-se de cabeça sempre que se apaixonava, sem rede e sem medo, sem hesitações.
E caías redonda no chão, completamente desfeita, choravas, desesperavas e, no entanto, passado um tempo, lá estavas tu, pronta a arriscar tudo de novo, como se fosse a primeira vez, a acreditar e a atirares-te de cabeça novamente.
Uma força da natureza!
Uma guerreira!

Tenho-me lembrado muitas vezes de ti, como já te disse. Compreendo-te melhor agora. Aliás, agora compreendo-te! E, deixa-me que te diga, ainda te admiro mais!

Fico feliz por ver que encontraste o que sempre procuraste. Mesmo que isso signifique perder a exclusividade da tua companhia, não teres a mesma disponibilidade que tinhas.
Não há ninguém que grite “esfole” com tanta prontidão como tu quando eu dizia “mata”.

Sinto muitas saudades nossas. Fazes-me falta. Mas sei que a vida é mesmo assim e que o tempo corre mais que nós. Além disso, temos sempre os nossos momentos. Esses ninguém nos tira. Passamos por tudo juntas e isso pesa.

Estás a um passo de concretizar o teu grande sonho: ser mãe. Pois eu tenho a certeza que serás uma excelente mãe e que o baby será tão bonito quanto tu, que és ainda mais bonita por dentro que por fora. A Catarina Furtado de trazer por casa. A Carrie Bradshaw do grupo, sempre impecavelmente apresentada, sempre na crista da moda.

Uma vez que antiguidade é posto, tenho apenas uma exigência a fazer: ser a primeira a saber quando houverem novidades!
Pronto, ok! Eu permito que contes ao pai da criança primeiro. Mas logo a seguir sou eu, ok?

Fazes parte da minha família. Os teus pais são meus pais. O teu irmão é meu irmão. E tu és minha mana. És e serás sempre a minha melhor amiga, estejas longe ou perto, falando pessoalmente ou via messenger.

E.J.P.S.

Esta é para ti...

1 de Março

Inaugurações simultâneas em Miguel Bombarda, a não perder.
E não esquecer de fazer a pausa para o lanche na Rota do Chá, no edifício Artes em partes. Humm... aqueles chás maravilhosos e aqueles bolos de comer e chorar por mais...

Para os mais resistentes, à noite: Baile dos Vampiros @ Teatro Sá da Bandeira. (Passo! Este ano a Peaches não vem, não tem piada.)

Vou começar a seguir este senhor

Jason Reitman, o pai de Juno, também foi o pai de Thank you for smoking. Outro filme com diálogos fantásticos. Vejam, aqui.

Testes para co-blogger

Avisam-se todos os frequentadores deste(s) espaço(s) que O Crepúsculo dos Deuses irá abrir brevemente e que se procuram colaboradores.
Todos os interessados devem enviar para brunhild.avalquiria@gmail.com a sua candidatura, que deverá reunir os seguintes elementos:

- 2 Fotografias: uma de corpo inteiro e outra de rosto (ambas com menos de uma semana)
- Curricum Vitae actualizado e detalhado
- Fotocópia do BI virtual (vulgo, link da sua página pessoal no Hi5)
- Uma dissertação sobre os seguintes temas:
* Reforma do sistema judicial português
* Amor e uma cabana
- Um texto de tema livre

Departamento de Manutenção: Circular n.º 1/2008


Após uma denúncia, foi verificado que alguns links deste ciclo de blogues, estavam errados. (A administradora é disléxica, a todos os níveis.)
Assim, informam-se todos os frequentadores deste(s) espaço(s) que os erros foram corrigidos, os links testados, e que já podem circular à vossa vontade.
Pedimos desculpa por qualquer inconveniente.
Bons cliques!
P'lo Departamento de Manutenção/Administração
Brunhild, a lisdéxia.

Life, oh life...



I'll take you up on a dare
Anytime, anywhere
Name the place, I'll be there
Bungee jumping, I don't care

Life indeed can be fun
If you really want to
Sometimes living out your dreams
Ain't as easy as it seems
You wanna fly around the world
In a beautiful balloon

Dancin' queen está oficialmente morta: 20 dias sóbria

Dizem-me qua já se nota.
Eu noto! Já não tenho aquele ar de ressacada: ora branca, ora amarela, olheiras até ao joelhos, cara para obras, cansaço permanente, irritabilidade, sem sentido de humor (activo ou passivo), sempre de preto e de pantufas. Resumindo, neurótica e desleixada ao extremo.
Já consigo fazer piadas, já sorrio e já rio, já tagarelo, já canto, regressei aos verdes e azuis, já calço saltos altos, acordo à hora que me costumava deitar, os pequenos-almoços voltaram a ser leite com cevada e pão com pouca manteiga. Resumindo, voltei a ser menina do coro.

Agora, pergunto: 'bora comemorar no fim-de-semana?!...

Eh! Brincadeirinha!... Só tenho pena de não ter chegado a ir ao after-hours no Galeria, curtir para o meio dos gunas. Já que era para a desgraça e era... Fica para a próxima, 'né, rapazes?...

It's good to be back!...

O melhor filme do ano (NOT)

O Sabor da Melância (Tian Bian yi Duo Yun)

Erótico, musical e lúbrico: é assim o último filme de Tsai Ming-liang, uma história de amor em tempo de seca e de uma obsessão por melancias. Taiwan sofre uma terrível falta de água. Os canais de televisão aconselham a população a economizar e a beber sumo de melancia. Mas, como sempre, cada um encontra as suas próprias soluções para a seca. Shiang-Chyi enche secretamente garrafas nas casas de banho públicas, enquanto Hsiao-Kang toma banhos nocturnos num reservatório de água. Eles deslocam-se como nuvens, sem nunca se tocarem. A sobrevivência é dura, mas a solidão é insuportável.Shiang-Chyi encontra uma melancia e, no mesmo dia, encontra Hsiao-Kang. Ela lembra-se de lhe ter comprado um relógio quando ele trabalhava como vendedor de rua. Agora é actor pornográfico, mas ela não sabe. Apaixonam-se, duas nuvens que se tocam.
in cinecartaz.publico.pt

O filme tem assim cerca de... três (!!!) diálogos de duas linhas cada um, aproximadamente. Mas dá para rir... se dá! Quase eramos expulsos da sala por um casal de (pseudos) intelectuais que estavam a seguir o filme com toda a atenção do mundo.
Aqui fica um excerto, para que possam ter uma ideia do que se trata.

Juno

Juno MacGuff: I'm losing my faith in humanity.
Mac MacGuff: Think you can narrow it down for me?
Juno MacGuff: I guess I wonder sometimes if people ever stay together for good.
Mac MacGuff: You mean like couples?
Juno MacGuff: Yeah, like people in love.
Mac MacGuff: Are you having boy troubles? I gotta be honest; I don't much approve of dating in your condition, 'cause well... that's kind of messed up.
Juno MacGuff: Dad, no!
Mac MacGuff: Well, it's kind of skanky. Isn't that what you girls call it? Skanky? Skeevy?
Juno MacGuff: Please stop now.
Mac MacGuff: [persisting] Tore up from the floor up?
Juno MacGuff: Dad, it's not about that. I just need to know if it's possible for two people to stay happy together forever, or at least for a few years.
Mac MacGuff: It's not easy, that's for sure. Now, I may not have the best track record in the world, but I have been with your stepmother for 10 years now and I'm proud to say that we're very happy.
[Juno nods]
Mac MacGuff: In my opinion, the best thing you can do is find a person who loves you for exactly what you are. Good mood, bad mood, ugly, pretty, handsome, what have you, the right person will still think the sun shines out your ass. That's the kind of person that's worth sticking with.
Juno MacGuff: I sort of already have.

Alguns dos diálogos AQUI.

catching up

Talvez inspirada pelos Óscares e pelo Fantas (ou não!), dediquei-me ao cinema esta semana.

Enfim, juntos (Ensemble, c'est tout)
IMDB: 6,7

Um filme protagonizado pela eterna Amélie (Audrey Tautou). Dispõe bem. É óptimo para assistir numa noite da semana, com a chuva a cair lá fora e nós enroladinhos numa manta.


4 meses, 3 semanas e 2 dias (4 Luni, 3 Saptamani si 2 Zile)
IMDB: 8,1

Filme potente. Faz-nos pensar... Aconselho vivamente.


Juno
IMDB: 8,2

Grande, grande filme. Diálogos fantásticos. A fazer lembrar Uma família à beira de um ataque de nervos. Eu adorei!


Michael Clayton - Uma Questão de Consciência
IMDB: 7,7

Sinceramente? Estava à espera de mais. Não achei nada de extraordinário. Também é verdade que não faz propriamente o meu género de filme. Acho apropriado para ver num domingo à noite.

GPS is back on track!

Amigas e amigos, colegas, fãs, desconhecidos por aqui perdidos e… amor da minha vida: voltei!

Foram tempos difíceis, Dezembro e Janeiro meses negros, presa por um fio. Quando esse fio se quebrou, eu fui!
Confesso que, pela primeira vez, me preocupei verdadeiramente acerca destas crises. Cheguei a ter o número de telefone de um psicólogo na mão.
Mas com garra e determinação, tudo se resolve.
Tudo o que precisava afinal era de estar comigo, de parar e me isolar, de pensar, retemperar forças, redefinir prioridades, decifrar o que sinto e o que quero.
Assim o fiz e tudo está claro e evidente agora.

Traduzindo, fiz um upgrade ao software do GPS. GPS is back on track, numa versão actualizada: mais rápida, determinada, robusta e eficaz.

Já defini o ponto de partida, o ponto de chegada e até já delineei um percurso. Só falta dar ordem de partida. Mas, tudo a seu tempo e em sede própria!

Tenho uma checklist nova e está na hora de começar a trabalhar nela.
A missão-muito-difícil-de-concretizar-a-primeira-prioridade já está em marcha.
E perguntam vocês, seus curiosos intrometidos: “E que prioridade é essa, Brunhild?”.
E eu respondo:

Ser feliz, ora!

Socorro!!!

Já não aguento mais ouvir a M80!!!

Parabéns, Covini!!!



Eh Eh Eh

A banda oficial do Alfa Romeo! TERESAAAAAA!...

Lamento...

... mas não consigo ir ver Cat Power ao Coliseu do Porto! (28 de Maio)
Contudo... consigo voltar a ver Animal Collective ao Cinema Batalha (27 de Maio)!!!
E isto é uma grande notícia!...

Sabe tão bem...

retirado do JN de 14/02/2008

"Prenda natalícia por Hélder Pacheco, Professor e escritor

Escrevo esta crónica para me compensar da sensação incómoda de assistir ao desmantelamento paulatino de um país que, ao longo do tempo, concedeu, pelo menos, o atributo da confiança e da estabilidade às pessoas que, de repente, se vêem confundidas num turbilhão de mudanças que não entendem (bem as ouço comentar no meu autocarro 207). E, se não entendem as imposições e sacrifícios chamam-se insensibilidade social e arrogância política. Para me compensar, pois, de tudo isto e muito mais para que começo a não ter estômago, falarei do outro país. Do meu país bonito, de gente fantástica, que faz coisas admiráveis e não tem tempo de antena nas televisões mais atentas ao lixo e ao sangue do que à dignidade da nossa gente.
Neste Natal, D. Lourdes, minha dedicada quase secretária há 30 anos, ofereceu-me um CD editado por esse magnífico exemplo de qualidade chamado Numérica, produtora - imaginem! (sediada não na capital) daí, talvez, o seu trabalho de divulgação das culturas e tradições musicais portuguesas - mas em Paços de Brandão. O CD intitula-se "Um Natal português" e contém 13 composições de Carlos Azevedo, Fernando C. Lapa, Fernando Valente e Eugénio Amorim. No cuidado livrete que o acompanha, os compositores assinam a explicação da obra como sendo "o resultado de uma ideia feliz celebrar o Natal a partir de canções da nossa tradição popular. Tal foi o desafio lançado pelo Coro da Sé Catedral, a um quarteto de compositores portuenses, desde há anos empenhados na vida musical da cidade". E adiantam: "Esta peça assume-se como um alargado fresco onde se afirma a pluralidade de gestos e olhares com que o nosso povo se debruça sobre o presépio. São melodias que muitos reconhecem (…). Na sua linguagem ora crua ora subtil, mas sempre festiva e maravilhada, encontramos algumas das mais saborosas expressões da nossa rica tradição popular (…) num território comum onde se cruzam o popular e o erudito."O resultado é, quanto a mim, admirável. Para delícia dos nossos ouvidos cansados da fancaria de feição internacionalista com que somos quotidianamente supliciados, a gravação permite-nos o regresso à terra dos encantamentos e magias. A terra da pureza infinda, retrato transparente de um povo que cantava "Foi na noite de Natal / Noite de tanta alegria…". Ou: "Ó da casa, nobre gente / Escutareis e ouvireis…". E: "Pastores que andais na serra / Não corteis o rosmaninho…". Ou a admirável: "Alegrem-se os céus e a terra / Cantemos com alegria...". E a belíssima: "O Menino está deitado, / Em palhinhas de erva em flor…", etc., etc.. Sob a direcção do maestro Osvaldo Ferreira, a soprano Sílvia Correia Mateus, o Coro da Sé Catedral do Porto, o Octeto de Flautas de Bisel e a Orquestra Sinfónica da Póvoa de Varzim brindam-nos com interpretações límpidas, envolventes, cuja simplicidade nos transmite a sentida experiência de uma tranquila alegria. Inesquecível.
E, senhores do cosmopolitismo apregoando inovação a rodos, senhores dos discursos besuntados de provincianismo a armar ao vanguardista, as sonoridades destas músicas cheiram subtilmente a rosmaninho e à nossa urze, e sabem deliciosamente a papos de anjo e a toucinho do céu. Não obstante, demonstram aquilo que os iconoclastas de pacotilha jamais entenderão a modernidade e inovação, além de não serem incompatíveis com grandes linhas de força de uma tradição identitária, fazendo a ponte entre o passado, o presente e o futuro, são claramente confirmadas nesta obra como desafio estimulante a um país como o nosso.
Como não é oriundo do Terreiro do Paço cultural, nem jet-set centralista, corrupção, golpe, assassínio, desfalque, pedofilia e outro rebotalho, ninguém fala do trabalho desta gente devotada e dedicada à afirmação das nossas raízes. Esta gente que, ao invés de o desmantelar, contribui para a construção de um país nobre, amável, consistente, sem esperar prebendas do Sistema, merece a nossa simpatia. Aqui a enalteço, expressando-lhe a minha admiração e gratidão pelos momentos que me fez viver.
Informo também, parafraseando Júlio Dinis, "Vós todos, a quem uma moda tola não constrangeu a abandonar os hábitos que de pequenos contraístes, e festejais ainda o Natal de Cristo…", que o disco se encontra à venda na igreja da Lapa e na Casa Diocesana de Vilar. Que eu saiba, o projecto não vive de subsídios e deve, por isso, ao menos ser apoiado por quantos ainda se prezam de falar Português."

More than words

Deixa-me acreditar que o que tivemos foi real e não ficção.
Para isso peço-te: não me magoes mais, por favor, eu não mereço. Se não me queres, liberta-me! Deixa-me ir, deixa-me sozinha, deixa-me chorar, deixa-me sofrer tudo o que tenho de sofrer, para que possa esquecer e voltar a acreditar e a sonhar.

Não me prendas por puro egoísmo, puro narcisismo. Não é justo que o faças. Sabes bem que não mereço. Nem tu és assim. O meu único pecado foi apaixonar-me por ti mas ter não ter conseguido chegar até ti.

Não me deixes odiar-te. Pára e pensa em mim um bocadinho. Deixa-me ir. Eu mereço ser feliz mas para isso tens de me libertar. De outra fora, sabes perfeitamente que não conseguirei. Sabes que me arragarei afincadamente a qualquer réstia de esperança e que isso me impedirá de seguir.

Eu quero acreditar mas não consigo. Actos e palavras, contradizem-se.
Achas mesmo que eu não iria querer acreditar que a pessoa que amo me corresponde em igual peso e medida?...


Ouvi dizer que o nosso amor acabou.
Pois eu não tive a noção do seu fim!
Pelo que eu já tentei,
Eu não vou vê-lo em mim:
Se eu não tive a noção de ver nascer um homem.
E ao que eu vejo,
Tudo foi para ti
Uma estúpida canção que só eu ouvi!
E eu fiquei com tanto para dar!
E agora
Não vais achar nada bem
Que eu pague a conta em raiva!
E pudesse eu pagar de outra forma!O
uvi dizer que o mundo acaba amanhã,
E eu tinha tantos planos pra depois!
Fui eu quem virou as páginas
Na pressa de chegar até nós;
Sem tirar das palavras seu cruel sentido!
Sobre a razão estar cega:
Resta-me apenas uma razão,
Um dia vais ser tu
E um homem como tu;
Como eu não fui;
Um dia vou-te ouvir dizer:
E pudesse eu pagar de outra forma!
Sei que um dia vais dizer:
E pudesse eu pagar de outra forma!
A cidade está deserta,
E alguém escreveu o teu nome em toda a parte:
Nas casas, nos carros, nas pontes, nas ruas.
Em todo o lado essa palavra
Repetida ao expoente da loucura!
Ora amarga! ora doce!
Pra nos lembrar que o amor é uma doença,
Quando nele julgamos ver a nossa cura!


(Re)Escutando: The Pipettes




You used to tell me that you love me everyday
(I didn't know what to say)
But there was never any doubt I always knew
That to me you said true

But my heart never could be so committed
So are my strange passions you permitted

Why did you stay?
Why did you stay?
Why did you stay when I treated you that way?

I was so cruel
(He was so kind)
Why did I feel I had to leave you behind?

(But he was so sweet)
Oh yeah Well I've had just about enough of sweet

Why did you stay?
Why did you stay?
Why did you stay when I treated you that way?
Why did you stay?
Why did you stay?
Why did you stay?
Why did you stay?
What did you say?
Why did you stay with me?

20 de Dezembro de 2007

Acabei mais um caderno de apontamentos. Houveram textos que ficaram por publicar, que não foram mais que esboços para outros textos já publicados. Este, por exemplo:

Dei por mim a pensar, porquê ele? Porquê ele e não outro?

Porque ele é sensível, uma sensibilidade bruta e subtil, permeável a tudo.
Porque é completo, porque vai do branco ao preto passando por todas as tonalidades intermédias.
Porque me vê como sou, vê-me para além desta capa protectora que uso.
Porque é inteligente mas não é racional.
Porque é inseguro.
Porque odeia com a mesma intensidade com que ama.
Porque diz o que pensa e o que sente com uma facilidade abismal.
Porque se mostra tal como é apesar de achar que não.

Porque a sua insegurança impede-o de acreditar que é dele que gosto, que não quero mais ningém, que não penso em mais ninguém, que não quero mais nada.

Este ano: Berlim!

pedido emprestado à VisãoOnline

Ich bin ein berliner*

Os artistas portugueses são cada vez mais atraídos por uma cidade que lhes dá espaço para trabalhar e que os pode colocar no circuito mundial das artes. Berlim é, por estes dias, uma das capitais da criatividade.

por Gabriela Lourenço - 08 Nov 2007


Não há mesas nesta esplanada no bairro central de Mitte, em Berlim, na Alemanha, só cadeiras, para ficar na preguiça ou na conversa, a aproveitar o sol que com Outubro no fim já vai rareando. Fala-se alemão, inglês, espanhol, francês e é quase impossível estar aqui sem ouvir também falar português. E não se pense que é por o café se chamar Galão – assim baptizado depois de os donos alemães se terem apaixonado, em Portugal, pelo café com leite – ou por se encontrarem aqui produtos como a bebida que lhe dá o nome, pastéis de nata, leite achocolatado Ucal ou Água de Carvalhelhos.
O Galão é uma das paragens dos artistas na cidade e basta estar atento para perceber que a cosmopolita esplanada é quase uma miniatura desta Berlim que se tornou um dos mais importantes palcos de arte contemporânea, dando guarida a artistas vindos dos quatro cantos do planeta. De Portugal serão agora mais de duas dezenas de artistas plásticos, músicos, bailarinos, actores, realizadores, que se misturam neste andamento artístico que junta estrangeiros e alemães.
Mas, afinal, o que é que Berlim tem?
De galão na mão, o cineasta Hugo Vieira da Silva, 33 anos, a viver aqui há mais de sete, avança uma explicação: «Berlim atrai muitos artistas porque é barata e tem imenso espaço.» Dois dias depois, na mesma esplanada da antiga zona leste, os artistas plásticos Noé Sendas, 35 anos, e Rui Calçada Bastos, 36, confirmam a ideia, dentro dos seus casacos de Inverno que ajudam a combater o frio (também já há gorros, cachecóis e mantas sobre as pernas). Passam pessoas a pé ou de bicicleta – o meio de transporte favorito, sobretudo enquanto não chega a chuva e a neve. Carros, quase só os de bebé. Hão-de contar-nos que Mitte é o bairro europeu com mais crianças pequenas por metro quadrado, para o que não será indiferente o facto de o governo dar dois anos de licença de maternidade, paga a cerca de 800 euros por mês.
Cidade falsa
Noé Sendas foi dos primeiros portugueses a chegar a Berlim, precedido apenas pelo músico Carlos Bica e por poucos mais. Em 1999, recebeu a bolsa João Hogan, da Fundação Calouste Gulbenkian, para a primeira residência artística de 11 meses na Kunstlerhaus Bethanien, um antigo hospital transformado em lugar de artes. Desde então, todos os anos chega, com aquela bolsa, mais um artista: Gabriela Albergaria, Nuno Cera, Rui Calçada Bastos, Jorge Queirós, Leonor Antunes, Sancho Silva e Adriana Molder. Até hoje, nenhum voltou a Lisboa, apenas Gabriela se divide, desde o Verão, entre as duas cidades, e Sancho está com outra bolsa no Canadá.
«Berlim é muito especial, quase falsa, no sentido em que não tem nada a ver com as outras cidades alemãs», afirma Noé Sendas. A história ajuda a perceber porquê. Destruída quase por completo durante a II Guerra Mundial, transformou-se num sítio pobre, que o Muro veio tornar ainda menos atractivo. A isto veio juntar-se uma quebra dos rígidos costumes alemães, no lado ocidental, embalada pelos movimentos underground de finais dos anos 70, que, do lado oriental, também iam ganhando adeptos, apesar das repressões. Com a queda do Muro, o clima de permissividade alargou-se a toda a cidade, que na zona leste viu muitas pessoas partirem, deixando para trás casas vazias, algumas sem dono, outras com rendas muito baratas. Haverá terreno mais fértil para culturas de vanguarda, alternativas e experimentalistas?
Foi esse o ambiente que atraiu Hugo Vieira da Silva. «Não vim à procura de um trampolim profissional, vim talvez por motivos românticos, uma espécie de paixão por um espaço que sempre foi um pólo criativo», explica o realizador de Body Rice, um filme que nasceu em 2006 e entretanto já passou por festivais de cinema numa dúzia de países. E é nesta cidade que Hugo se prepara para rodar, já no Inverno, uma nova longa-metragem, Cruz Vermelha, uma co-produção portuguesa (Paulo Branco) e alemã. Um olhar sobre a «confrontação com outra cultura», filmado não na «bolha» artística dos bairros de Mitte, Prenzlaeur Berg e Kreuzberg, mas nas periferias onde o desemprego e as questões raciais florescem, «zonas que não são evidentes para quem aterra em Berlim pela primeira vez», sublinha Hugo.
No número 10 da Brunnenstrasse, alguns dos nomes nas campainhas são familiares: Sendas, Bastos, Cera, Albergaria, Queirós. É nesta antiga fábrica, transformada em edifício de ateliês, que trabalham alguns dos artistas portugueses. Lá dentro, no pátio, ainda se vêem buracos de balas numa parede – já são poucos os vestígios da guerra que sobrevivem à intensa modernização e à restauração dos cinzentos edifícios do tempo do comunismo. O elevador está desactivado, por isso é preciso galgar quatro andares para chegar à pequena sala alugada por Noé Sendas, quando regressou à capital alemã, ao fim de cinco anos em Lisboa, depois da residência no Bethanien.
«Com o dinheiro que se ganha em Portugal pode-se viver aqui em Berlim, mas não em Londres, Paris ou Nova Iorque», conta o artista plástico, que preferiu esta cidade a muitas das outras onde já tinha feito residências, como aquelas duas capitais europeias ou Veneza.
«Aqui consegue-se ter uma vida. Nas grandes cidades, é muito duro», nota Adriana Molder, 31 anos. A terminar a sua residência na Kunstlerhaus Bethanien e decidida a ficar em Berlim, a pintora procura agora casa e ateliê que substituam esta grande sala, de pé-direito altíssimo, onde no último ano viveu e trabalhou. Há folhas de papel esquisso, pintadas a tinta-da-china, por todo o lado. Num canto, uma cama, um sofá e uma televisão que, a par da bancada de cozinha, dão um ar doméstico ao ateliê. Umas portas ao lado está a sua exposição final de residência,
O Desvendador de Sonhos, «uma espécie de ficção, inspirada em histórias de fantasmas alemãs, a partir do ambiente do Bethanien, sobre um homem que fica doente no século XIX e está neste quarto, onde tem visões que vêm ter comigo, através dos sonhos».
Tanto espaço
«Berlim é muito vazia, o que permite andar na rua de outra forma e utilizá-la como um ateliê. Posso filmar e fotografar sem a confusão e a insegurança das grandes cidades», afirma Noé Sendas, que aqui começou a construir esculturas das suas personagens, antes apenas filmadas. Depois de O Coleccionador de Auto-Retratos (exposto este Verão no Museu da Electricidade, em Lisboa), trabalha agora em The Hunter, que irá apresentar, no princípio de 2008, na galeria Cristina Guerra.
Em Berlim vivem hoje cerca de 3,4 milhões de pessoas. O número parece grande, mas se pensarmos que é a maior cidade da Alemanha (mais de dez vezes a área de Lisboa, que tem cerca de 600 mil habitantes), percebemos que os moradores se diluem no espaço. Não é de admirar, por isso, que todos concordem com a bailarina Cláudia de Serpa Soares, quando ela diz que «há, em Berlim, uma sensação de espaço, e de conseguirmos ter um espaço para nós».
Cláudia, 34 anos, chegou em 1999, depois de ter feito uma audição com a famosa coreógrafa Sasha Waltz e ter sido convidada a integrar a sua companhia de dança. Acabada de regressar de Estocolmo e Oslo, onde apresentou Impromptu, confessa que hoje passa mais tempo em viagem do que na capital alemã, por força dos espectáculos de Sasha, em cuja companhia hoje actua como free-lancer, e de outros mais independentes, que agora tem tempo para fazer.
É também de espaço que fala Rita Só quando tenta explicar por que razão trocou Lisboa por Berlim, há exactamente um ano. Um espaço tanto físico como mental, esclarece a actriz, de 29 anos, que ainda este Verão veio a Lisboa participar na peça de Monica Calle A Última Ceia ou Sobre O Cerejal de Anton Tchékhov, na Casa Conveniente, onde tem trabalhado nos últimos anos. «A cidade é forte, caprichosa, ocupa-nos e, por outro lado, dá-nos todo o espaço do mundo. Como se pudéssemos criar aqui o nosso microclima. Possibilita-me um crescimento pessoal e uma concentração que não estava a conseguir em Lisboa», explica Rita, sentada num dos cafés mais centrais da cidade, o St. Oberholz, na Rosenthaler Platz, rodeada de pessoas a trabalhar nos seus computadores portáteis.
«É uma cidade onde nos encontramos a nós próprios», acrescenta.
Movimento tranquilo
No quinto andar de um prédio cor de tijolo, por cima dos telhados da vizinhança, na zona de Jannowitzbrucke, com vista para a torre da televisão Berliner Fernsehturm, um dos ícones da cidade, Filipa César, 32 anos, elogia, sem reticências, a Berlim que a recebeu já lá vão sete anos:
«Tem um ritmo tranquilo, uma qualidade de vida excepcional.» Por outras palavras: o ideal para uma mãe com uma criança de 2 anos – Rosa, fruto do seu casamento com um actor alemão – e para uma artista plástica cujo trabalho «documenta» pessoas e situações na cidade e observa a forma como o cinema influencia os nossos comportamentos (os vídeos Waiting Citizen, Romance Reedit e Berlin Zoo, por exemplo).
Para Filipa, foi amor à primeira vista. «Apaixonei-me imediatamente. Tive a sensação de que a cidade tinha qualquer coisa de inacabado, estava em movimento, com quase tudo por fazer. Era uma cidade que, tal como eu, ainda não estava definida, um óptimo sítio para viver e me desenvolver com ela», recorda. Um sentimento semelhante ao de Noé Sendas: «Estava a aparecer muita coisa a nível cultural e fiquei com vontade de me juntar a esse movimento.»
Hoje, as portas continuam abertas a quem venha de fora. E, com o desenvolvimento em tempo recorde que a cidade sofreu desde que o Muro caiu, em 1989, Berlim está a transformar-se num dos principais centros de arte mundiais. Instalam-se galerias de Nova Iorque, Londres e Paris, chegam curadores para ver o que se passa, olham-se as tendências que surgem nos cada vez mais numerosos espaços geridos por artistas, cruzam-se experiências e projectos. A agitação é tão grande que já há quem tenha nostalgia dos tempos underground e alternativos da cidade...
No Berlin Calling, um caderno vermelho, com 60 páginas, que reúne tudo o que de cultural acontece na cidade durante cinco meses, descobre-se o nome de Jorge Queirós numa mostra colectiva que terminou em Julho, encontra-se a exposição de Adriana Molder e, mais adiante, a referência a Leonor Antunes, que tem uma peça na exposição Minimalism and Applied, na galeria de arte contemporânea da Daimler Chrysler, até 7 de Janeiro. Modo de Usar #11, de 2005, foi adquirida pela colecção em 2006 e é uma das esculturas feitas, já em Berlim, da série de réplicas de elementos arquitectónicos.
«Quando cá cheguei trabalhei muito sobre a ideia de duplicação, a partir dos edifícios que a divisão da cidade pelo Muro obrigou a recriar, do lado ocidental», conta Leonor Antunes, 35 anos, há três em Berlim. «Pensei que continuando em Portugal não ia longe... Aqui o patamar de qualidade é outro. A partir do momento em que estou num sítio com pessoas estimulantes à minha volta, muda tudo», afi rma a artista, sentada num sofá verde que contrasta com o branco das paredes e do chão da sua casa.
De partida para o Brasil, com uma bolsa espanhola, prepara-se para desenvolver um projecto sobre as primeiras obras de Niemeyer, «um arquitecto também bastante copiado». Só na Brunnenstrasse, no bairro Mitte, existem 17 galerias de arte. Uma delas, a Invaliden 1, tem como donos quatro artistas plásticos espanhóis e o português Rui Calçada Bastos, que a dirigem. «Não sou galerista nem quero ser, mas isto serve para entrarmos na cidade, como montra do nosso trabalho», reconhece Rui. Num dos cantos, as fotos do seu último vídeo, Self-portrait While Thinking, imagens que documentam um tique que tem quando está concentrado, agora em exposição na Feira de Arte de Lisboa, através da galeria Vera Cortez.
«Em Portugal, vivemos um bocadinho fechados no nosso ateliê, mostramos as nossas coisas aos amigos. Aqui temos visibilidade e confrontamos constantemente o nosso trabalho com o de outros artistas», nota Calçada Bastos que, em Setembro, foi, como Filipa César, um dos convidados a apresentar a sua obra num ateliê da Tate Modern, em Londres.
Para Noé Sendas, «há que respeitar Lisboa, porque muitas coisas surgem de lá, mas é preciso ter noção que para os países com peso cultural ela existe como uma cidade da Turquia. Em Berlim, pode ser mais difícil triunfar, porque há muito mais artistas, mas cada passo é um passo real».
Berlim existe, portanto, e o que ali se faz também. «O público aqui é muito maior. Em Lisboa, percebemos que, ao fi m de dez anos, estamos a criar espectáculos para a mesma meia dúzia de pessoas, que são outros artistas. Dá-se muito e recebe-se pouco, e isso tem feito com que pessoas interessantes a nível artístico se venham embora. Acho Lisboa uma cidade rica culturalmente, mas a energia não está no sítio certo», lamenta Rita Só.
E dá milhões?
Na sala de um antigo consultório dentário, Catarina Simões, 34 anos, montou a sua casa e ateliê, quando se mudou de Nova Iorque, onde esteve quatro anos. «É uma residência alternativa», afirma Catarina, apagando um cigarro num molde de dentes em gesso que serve de cinzeiro – há outros moldes e ferramentas de dentista guardados para um projecto futuro. «É importante sair e ver coisas novas. Nova Iorque mudou bastante depois do 11 de Setembro, ficou mais conservadora e às tantas deixou de fazer sentido ficar numa cidade onde é tão difícil viver», afirma a artista plástica, que tem passado horas em frente ao computador, a montar o seu último vídeo.
«O que se está a passar em Berlim, este cosmopolitismo todo, com imensos artistas de todo o mundo, quase a parecer Nova Iorque nos anos 60, é muito interessante, porque está a criar uma nova mistura cultural, que não existiu no pós-guerra. E está a trazer modos de ver, pensar e viver diferentes», aponta Filipa César. Se a ouvisse, Hugo Vieira da Silva seguramente concordaria: «O cinema na Alemanha vai mudar quando os estrangeiros que cá estão começarem a ser aceites. É sintomático que, este ano, o argumento alemão vencedor em Cannes seja de um turco [The Edge of Heaven, de Faith Akin].»
E dinheiro, será que vem também nesta onda? Há quem acredite que sim, que este movimento artístico contribuirá para Berlim deixar de ser uma cidade falida, mas por enquanto a capital alemã funciona mais como espaço de trabalho e de mostra do que de negócio. A confiança do mercado demora a conquistar, sublinha Rui Calçada Bastos, que como Noé Sendas e Adriana Molder tem a sua galeria-mãe em Lisboa, ou como Filipa César, que trabalha com três galerias, todas fora da Alemanha (Lisboa, Madrid e Zurique). Já Leonor Antunes vende a maioria das suas peças aqui, através da galeria Isabella Bortolozzi, mas sabe que quase não tem compradores alemães.
Não se adivinha se o trabalho de todos estes artistas poderá ajudar Berlim a saltar mais este muro, mas uma coisa é certa: a arte contemporânea portuguesa é cada vez mais berliner.
* Sou um berlinense

Ana Karenina - II

“Compreendia perfeitamente o estado de espírito de Levine, sabia que para ele as mulheres do mundo se dividiam em duas classes: a primeira incluía todas, excepto Kitty, e essas tinham todas as fraquezas humanas, sendo absolutamente vulgares, na segunda só cabia ela, que não tinha fraqueza alguma e pairava muito acima de tudo o que era humano.”

“Sim, em mim há qualquer coisa de desagradável, qualquer coisa que afugenta”, pensava Levine, ao sair da residência dos Tcherbatski, enquanto se dirigia a pé para casa do irmão. “Não sirvo para conviver com as pessoas. Dizem que é o orgulho, mas a verdade é que nem sequer sou orgulhoso. Se fosse, não estaria na situação em que estou.”
“Era normalíssimo que ela o preferisse. Não podia ser de outra maneira, e não devo queixar-me de nada nem de ninguém. A culpa é minha. Com que direito pensei eu que ela estivesse disposta a unir a sua vida à minha? Quem sou eu? Que sou eu? Um homem inútil, de quem ninguém precisa.”

“Quando nós sairmos com os convidados, a minha mulher e eu, para ver as vacas… Minha mulher dirá: “Kóstia e eu criámos este bezerro como se fosse uma criança”, “Como pode interessar-se por estas coisas?”, perguntará um dos convidados. “Tudo o que interessa o meu marido me interessa também.”

“Por vezes pergunto a mim mesma por que hão-de as pessoas estar assim todas de acordo para me tecerem elogios.”

O clube de leitura de Brunhild

Estou completamente absorvida por Ana Karenina! Este livro de Tolstoi faz-me feliz e veio na altura certa, pois devolveu-me a esperança e o desejo de continuar a suspirar por um amor assim. Contentar-me com menos, está de novo fora de questão.
Quase mataram a menininha que aqui mora mas ela é persistente, obstinada e, afinal, vive, contra todas as expectativas, contra tudo e contra todos. E já me libertei daqueles sentimentos menos próprios de uma valquíria! Para que servem? Só me fazem mal.

Desisti, para já, de transcrever passagens do livro porque teria de transcrever o livro praticamente todo... Mas eu vou dando notícias!

Quanto a mim, curiosamente, estou bem. De facto, às vezes até a mim me surpreendo.
Acho que a independência que o meu bólide me dá me estava a fazer muito mais falta do que eu puderia suspeitar. Sinto-me livre! Já matei saudades das minhas voltas de carro pela cidade, a mesma que gosta de me pregar partidas. Quase, quase pronta para voltar ao activo! Mas, até lá, estarei de nariz enfiado neste fantástico livro! Não será à toa que é considerado um dos clássicos da literatura.
Acabei de ir buscar o meu carro. Finalmente! Ao escutar o CD que ouvia na altura do acidente, entrei num flashback, o que sentia naquela noite. Muito diferente do que sinto nesta noite! Ou nem tanto. Naquela noite estava cansada, hoje também estou. A cair de sono porque andava a dormir mal. Hoje também. Sem apetite e a fumar compulsivamente. Hoje também. Com a cabeça cheia de questões sem resposta. Hoje também. Só que naquela noite era só o príncipio e agora é o fim.
Nestes dois meses, passei por um turbilhão de emoções. Quase dei em doida com algumas situações.
Não sou pessoa para viver na incerteza e gosto das coisas definidas, preto no branco. Não foi possível tal definição e eu tive de tomar um decisão. Não dava para continuar. Já era a minha saúde física e mental que estavam em risco.
Se estou ciente das implicações da minha decisão? Não, não estou. Mas eu tentei. Juro que tentei! Porque eu queria.
Poderia ter sido tão fácil, deveria ter sido tão fácil. À curta distância de um telefonema, de uma sms, de uma conversa, de uma palavra.
Prefiro continuar a acreditar na minha versão dos factos apesar de todas as evidências apontarem para outra versão. Chamem-me ingénua. Eu sei que sou!
Mais uma fase de transição difícil que se aproxima. Que será que eu tenho contra as estações de transição. Pelo menos a Primavera é o renascer... asssim espero! Porque eu preciso renascer. Preciso de me lembrar da mulher que era e que sempre fui. Porque desta eu não gosto nem um bocadinho.
Amigos, desculpem-me estas últimas semanas. Eu sei que me portei muito mal! E peço desculpa, não porque vá precisar de todos nesta fase, mas porque estou de facto arrependida por vos ter feito pagar por uma dívida que não era vossa.
Prometo voltar em breve, sério!
Até já!

Ana Karenina - I

"Aparentemente, nada mais simples do que pedir a mão da princesa Tchebatskaia, uma vez que Levine era homem de boa familia, mais rico do que pobre, com trinta e dois anos de idade. Era de crer que vissem logo nele um bom partido. Mas Levine estava apaixonado e por isso Kitty lhe parecia uma criatura tão perfeita em todos os sentidos, tão para além das coisas terrenas, quando ele, pelo contrário, era um ser tão baixo e mundano, que não podia pensar em querer que ela e os outros o considerassem digno de aspirar à sua mão."

"Demais, convenceu-se de que ela não podia amá-lo."


"Ouvira dizr que as mulheres muitas vezes se enamoravam de homens vulgares, mas não acreditava nisso, pois julgava os demais por si, e ele só se sentia capaz de amar criaturas belas, românticas, e sublimes."



"No entanto, após dois meses sozinho na aldeia, convencera-se de que o sentimento que dee se apossara nada tinha a ver com os amores que cinhecera na adolescência, uma vez que lhe era impossível sossegar e viver na ignorância de saber se Kitty viria a ser ou não sua mulher. Também se persuadira de que a familia nenhuma razão tinha para o repelir. Partiu, pois, para Moscovo, no intuito de fazer o seu pedido e de casar, na hipótese de um bom acolhimento. Caso contrário, não podia imaginar quais as consequências de uma resposta negativa."


Quem ama, quer. E não consegue ficar sem saber.
Mas eu fiquei sem saber porque fiquei aqui na hora de almoço...

Não se esqueçam!

Este fim-de-semana:
Eros Porto

"Além disso, esta disciplina - pole dance - permite encontrar o seu alter ego pornô-chique, movimentando-te como uma gatita sedutora, uma roqueira selvagem, uma deusa glamorosa ou uma magnética femme fatale."

Meninas, bute?

Primeiro dia do segundo mês de dois mil e oito

"Espero curar-me de ti dentro de dias. Devo deixar de te fumar, de te beber, de te pensar. É possível. Seguindo as prescrições da moral de serviço.Receito-me tempo, abstinência, solidão."
Jaimes Sabines

Obrigada!!! Um grande beijo

Quando Deus fez a mulher, já estava a trabalhar há seis dias consecutivos.
Apareceu um anjo e perguntou -lhe : "Deus, porque estás a perder tanto tempo com esta criação?"
Ao que Deus respondeu: "Já viste a minha lista de especificações para este projecto? Ela tem que ser completamente lavável, mas sem ser de plástico, tem mais de 200 partes móveis, todas substituíveis, e é capaz de sobreviver à base de coca-cola light e restos de comida, tem um colo capaz de segurar em quatro crianças ao mesmo tempo, tem um beijo capaz de curar qualquer coisa desde um arranhão no joelho a um coração ferido e faz isto tudo apenas com duas mãos."
O anjo ficou estupefacto com estas especificações. "Só duas mãos!? Impossível! E esse é apenas o modelo normal? É muito trabalho só para um dia. É melhor acabares só amanhã."
"Nem pensar", protestou Deus. "Estou quase a acabar esta criação que me é tão querida. Ela já é capaz de se curar a si própria quando fica doente e consegue trabalhar 18 horas por dia."
O anjo aproximou-se e tocou na mulher. "Mas fizeste-a tão macia e delicada, meu Deus".
"Sim, mas também pode ser muito resistente. Nem fazes ideia o que ela pode fazer e aguentar."
"E ela vai ser capaz de pensar?" perguntou o anjo.
"Não só é capaz de pensar como é capaz de negociar e convencer"
O anjo então reparou num pormenor e tocou na cara da mulher. "Ups, parece que tens uma fuga neste modelo. Eu disse-te que estavas a tentar fazer demais numa criatura só."
"Isso não é uma fuga, é uma lágrima."
"E para que é que isso serve?" perguntou o anjo.
"A lágrima é o seu modo de exprimir alegria, pena, dor, desilusão, amor, solidão, luto e orgulho."
O anjo estava impressionado. "És um génio, Deus. Pensaste em tudo."

E de facto as mulheres são verdadeiramente espantosas. Têm capacidades que surpreendem os homens. Carregam fardos e dificuldades, mas mantendo um clima de felicidade, amor e alegria. Sorriem quando querem gritar. Cantam quando querem chorar. Choram quando estão felizes e riem quando estão nervosas. Lutam por aquilo em que acreditam e não aguentam injustiças. Não aceitam um "não" quando acreditam que existe uma solução melhor. Prescindem de tudo para dar à família. Vão com um amigo assustado ao médico. Amam incondicionalmente. Choram quando os seus filhos são os melhores e aplaudem quando um amigo ganha um prémio. Ficam radiantes quando nasce um bebé ou quando alguém se casa. Ficam devastadas com a morte de alguém querido, mas mantêm a força além de todos os limites. Sabem que um abraço e um beijo pode curar qualquer desgosto. Existem mulheres de todos os formatos, tamanhos e cores. Elas conduzem, voam, andam e correm ou mandam e-mails só para mostrar que se preocupam contigo. O coração de uma mulher mantém este mundo a andar. Elas trazem alegria, esperança e amor. Dão apoio moral à sua família e amigos. As mulheres têm coisas vitais a dizer e tudo para dar.
NO ENTANTO, EXISTE UM DEFEITO NAS MULHERES...
É QUE ELAS SE ESQUECEM CONSTANTEMENTE DO SEU VALOR!